Legalizar ou não o aborto? A discussão recomeçou depois de o ministro da saúde, José Gomes Temporão, ter defendido publicamente um plebiscito sobre a legalização do aborto. Mas, você sabe como funciona um aborto? Sabe quais são os tipos que existem? Você faria um? Muitas perguntas? Calma, vamos te ajudar a tirar todas as dúvidas sobre esse assunto.
O aborto até a 12ª semana de gestação deve ser realizado em centro cirúrgico, com anestesia raqui ou geral. Procede-se a dilatação do colo uterino (porção do útero que se acopla à vagina e que dilata quando do parto vaginal). A seguir realiza-se a aspiração ou curetagem do material que está dentro do útero (córion/placenta e embrião). Após 12 semanas, deve-se utilizar medicações que induzem contração uterina até a expulsão do feto, pois este já possui estruturas ósseas que podem provocar perfurações uterinas ao realizar-se a aspiração/curetagem. Após a expulsão do feto, muitas vezes existe a necessidade de se retirar a placenta por aspiração ou curetagem. A aspiração é introdução de cânula acoplada a mecanismo de vácuo. A curetagem é a introdução de um aparelho tipo colher, bem fininho, para raspagem das paredes internas do útero e remoção do conteúdo interno deste, explica o dr. Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista do hospital Sírio Libanês.
Durante um aborto, algumas complicações podem ocorrer. Sangramento, infecção, perfuração de órgãos pélvicos como o útero, intestinos e bexiga são algumas delas. Um aborto mal feito pode provocar hemorragia, anemia, pode, ainda, causar dificuldades para engravidar, esterilidade permanente, danos irreversíveis ao útero e infecções graves, com a necessidade de, às vezes, ter que se retirar o útero para salvar a vida da paciente. Em casos extremos, pode até levar a morte, afirma o médico.
No Brasil, são realizados um milhão de abortos clandestinos por ano. A gente não usava camisinha, ela não tomava anticoncepcional. No começo eu fui a favor do aborto. Depois de conversar com meus pais, fui contra. Ela sumiu por duas semanas e disse que tinha perdido o filho. Eu disse pra ela: tá escrito otário na minha cabeça?. Aí ela me ligou, um tempo depois, e assumiu que tinha abortado. Hoje sou totalmente contra o aborto, querendo ou não é um vida que se tira, diz o estudante F.G., de 17 anos, que engravidou sua namorada, de apenas 16 anos.
Uma pesquisa realizada por Ana Maria Costa, da Universidade de Brasília, em 95% dos municípios brasileiros, mostrou que a porcentagem de municípios que oferecem os principais métodos contraceptivos é mínima: acreditem, apenas 53% deles oferecem a camisinha. Em segundo lugar, a pílula é oferecida em 47%, seguida pelo DIU, com 16% e hormônios injetáveis, 13%.
As campanhas de prevenção da gravidez são raras e, quando ocorrem, são sempre voltadas para a mulher adulta. O governo, na verdade, nunca investiu numa campanha verdadeira sobre gravidez na adolescência, afirma Maria Helena Vilela, educadora sexual.
