Nesta terça-feira (18), uma portaria assinada pela Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura da Cidade de São Paulo reconhece a rua Coimbra, no Bresser, como patrimônio dos bolivianos. A iniciativa, de acordo com Paulo Illes, coordenador de Políticas para Imigrantes, tem o objetivo de valorizar a comunidade boliviana e a ocupação do espaço público da cidade criando algumas regras de convivência pacífica para comerciantes, moradores e feirantes. Uma feira acontece no local, todos os finais de semana, e, agora, o espaço será reformulado para receber os visitantes com mais infraestrutura.
A ideia é que seja construído um pórtico, na esquina com a rua Bresser, com inspirações na famosa cultura pré-colombiana Tiwanaku, que será projetado pelo arquiteto André Villas Boas. Tudo será feito de forma colaborativa, com a participação da comunidade.
Além disso, haverá toda a adequação da rua, com a uniformização do piso das calçadas, instalação de lombofaixas, arborização nas cores do país (amarela, verde e vermelha), entre outras melhorias.
Os bolivianos, de acordo com dados da Polícia Federal, são a segunda maior comunidade estrangeira em São Paulo, com 67 mil representantes. Só que estimativas apontam para um grupo de mais de 300 mil pessoas! Ou seja, já passaram de longe os portugueses, que têm aqui cerca de 100 mil integrantes. Só que a imigração de bolivianos é recente e está a todo vapor, enquanto nossos primos lusitanos já chegaram há mais de 450 anos e nem querem mais saber de vir pra cá. Resumindo: está tudo dominado pelos hermanos!
Mas, afinal, ao pesquisar sobre a cultura boliviana, percebemos que muito pouco conhecemos sobre este país, apesar de estar tão perto da gente. Então, para você ir preparado conhecer o novo espaço público da cidade, mostramos algumas coisas bacanas da Bolívia que você nem imagina que possam existir.
Coisas sobre a Bolívia que você precisa conhecer
1. Eles têm aquilo roxo
A culinária boliviana é recheada de receitas com muita pimenta, batata (cozida no gelo!), e, como não poderia deixar de ser, milho e amendoim. As salteñas são as iguarias mais procuradas pelos brasileiros, mas também há pratos como o Sillpancho, que é um tipo de bife à milanesa com um ovo frito em cima, e o Charquekan, uma carne seca crocante que agrada muito o paladar dos brasileiros. Mas o que chama a atenção mesmo são os milhos roxos, uma variedade que cresce no México e em alguns países andinos muito antes dos incas. Dizem que faz um bem danado à saúde. Por isso, quando esses grãos aparecem nas feiras em São Paulo, são disputados no tapa!
2. O deus deles é politicamente incorreto
Sim, eles têm um deus muito fofo, o Ekeko, mas que também é vidaloka. Na festa feita em sua homenagem, a Alasita, que acontece no dia 24 de janeiro, todo mundo compra um em miniatura. Ekeko é um deus da prosperidade e da abundância, originário da civilização pré-colombiana Tiwanaku. Nos primórdios, era de pedra. Corcunda e nu, trazia orgulhosamente o pênis ereto para simbolizar fertilidade. Os espanhóis tentaram, durante a colonização, eliminar a festa pagã que coincide com o solstício de verão, sem sucesso. Mas conseguiram torná-lo mais “católico”. Hoje ele é retratado como um anão cheinho, de bigode e com os braços abertos, vestindo roupas tradicionais andinas, como o poncho. Em seu corpo costuma-se pendurar objetos como casas, carros, malas de viagem, alimentos, dinheiro etc, de acordo com o pedido do freguês. Suas estátuas também possuem orifícios na boca para encaixar cigarros acesos porque o deus, de acordo com a lenda, pasme!: fuma.
3. A Quinoa é de lá
Amiga de todas as dietas, a quinoa tem origem nos Andes e é a comida preferida dos povos dos altiplanos. Nativa da região do Peru, Bolivia, Equador e Colômbia, onde foi domesticada há cerca de 4.000 anos para consumo humano, há registros arqueológicos de uso de sementes não domesticadas para uso pastoril. São mais de 3 mil variedades.
4. Lhama e alpaca não são o mesmo bicho!
Apesar de serem parentes, a alpaca é menor do que a lhama e tem pelos mais longos e macios. Ambas as pelagens são usadas para fazer as mantas mais legais e quentinhas que você já viu.
5. Cinema com temas típicos e cheio de lutinhas lutonas
Os bolivianos são arretados. Ô povo guerreiro! Tudo é motivo para uma boa briga. O filme A Avó Grilo: O mito da dona da água foi vencedor do prêmio de melhor filme latino-americano de 2010 no Festival de Filmes de Aahrus, na Dinamarca. De acordo com a lenda do povo Ayoreo, uma avó, que também era um grilo chamado Direjná, fazia brotar água por onde passava. A pedido dos netos, ela vai embora e acaba aprisionada, fazendo com que o povo sinta a necessidade de lutar. (Ah, ninguém tava com vontade antes disso…)
https://www.youtube.com/watch?v=xLdf8YS0Tww
6. Rock pra lá de revolucionário, mas com toque imperialista!
A banda de rock chamada Alcohólika existe desde os anos 90 e faz sucesso no mundo todo. Ninguém diz que é boliviana, até ver este clipe…
7. A breja deles é feita em casa
Imaginou se aqui fosse assim? Levemente alcoólica, a partir do milho fermentado, a chicha é uma bebida amarela muito popular na Bolívia, especialmente ao redor de Cochabamba. É sempre caseira, preparada em grandes caldeirões de barro, onde a mistura fica fermentando durante vários dias.
8. Nem pense em entrar para um clube da luta boliviano
No primeiro domingo de maio, comunidades rurais se reúnem para homenagens a Jesus Cristo e a Pachamama (mãe-terra) e também para danças ao som do charango (instrumento de cordas) e da jula jula (flauta andina). A proposta é confraternizar, tomar muita chicha e… lutar até a morte! Isso mesmo: um costume antigo, o Tinku, festival pré-colombiano que assegura boas colheitas, é repetido (e aguardado) todos os anos na cidade de Santiago de Macha. Depois de várias mortes registradas, guardas assistem às lutas e podem interferir com chicotes para apartar. É, pelo jeito, os caras são mesmo guerreiros!
9. Eles não precisam de Coca-Cola…
Coca-Cola pra quê se eles têm Inca-Kola? Amarela da cor do ouro e do milho, também chamada de Golden Kola, é uma bebida formulada a partir da lúcia-lima do Peru. É tipo o guaraná Jesus dos Andes. Na rua Coimbra é mato.