Um dos meus orgulhos profissionais foi ter sido redator por 6 meses do Programa da Hebe. Já tinha trabalhado com grandes nomes da televisão brasileira como Adriane Galisteu e Astrid Fontenelle, mestras no traquejo com a câmera e na habilidade de entender com perfeição o timing da TV. Mas com Hebe Camargo aconteceu um pulo do gato. Ela lê um TP (aparelho que passa o texto escrito para a apresentadora enquanto está gravando) com uma naturalidade que eu nunca tinha visto até então. Ela é uma espécie de Fernanda Montenegro ou Marília Pêra da televisão.
Essa comparação não é esdrúxula, é com tamanha dramaticidade que Hebe pega suas palavras, as doma, as conquista e as torna dela com uma verdade avassaladora. Não existe presente maior para quem escreve um texto do que a apropriação da apresentadora de suas palavras, aliás, elas não são mais suas, são dela.
Lembro de ficar sentado, no canto da plateia, hipnotizado como a plateia durante toda a sua mise-en-scène. Aliás, todos, câmeras, contra-regras, produtores ficávamos em suspense, esperando ela comandar a orquestra com sua baqueta-microfone. E até hoje me emociono de lembrar o momento que ela entregava as rosas vermelhas para a plateia e olhava bem no olho das pessoas. Não se é rainha impunemente. Parabéns, Hebe! Meu, do Virgula e de todo o seu público.