O ator norte-americano Morgan Freeman, que interpreta no filme Invictus o ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993, Nelson Mandela, disse que a única coisa em comum entre o ex-presidente da África do Sul e o norte-americano Barack Obama é que os dois são negros.
Em Roma, onde se encontra para apresentar a produção lançada recentemente, Freeman ressaltou que o atual mandatário, que venceu o Nobel da Paz de 2009, tem metade da idade do sul-africano, menos experiência de vida e nunca esteve preso.
“Mandela era como um monolito dentro de um partido monolítico, enquanto Obama tem contra si uma forte oposição pronta a colocar obstáculos assim que possível”, acrescentou.
Ele também falou sobre a admiração pelo ex-presidente sul-africano, fazendo a ressalva, porém, de que “pouco importa o que seja Mandela para mim. Importante, ao contrário, é o que é para os outros”.
“Encontrei-o em 1997, acredito, e nem mesmo o Papa teve a possibilidade de me intimidar como soube fazer ele”, explicou o artista de 73 anos, indicado ao Oscar de Melhor Ator por seu papel em Invictus.
A história do filme se baseia no livro Conquistando o inimigo, de John Carlin, que relata como o sul-africano, eleito democraticamente após a queda do regime de segregação racial apartheid, no início dos anos 1990, soube usar politicamente o amor da população pelo rúgbi a fim de unificar negros e brancos.
Para isso, Mandela fez uma espécie de pacto com o capitão da seleção nacional, François Piennar — interpretado no filme por Matt Damon, indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. O resultado foi uma surpreendente vitória da África do Sul no Campeonato mundial de 1995.
Esta é a quinta vez que Freeman é nomeado ao Oscar. Em 2004, ele levou para casa a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante por sua performance no filme Menina de Ouro, que, assim como Invictus, foi dirigido por Clint Eastwood.
Sobre o fato de ser indicado ao prêmio por um filme do mesmo autor, o norte-americano afirmou que “é uma vantagem e uma desvantagem ao mesmo tempo”. Mas, segundo ele, “é sempre um prazer receber um tapinha nos ombros de quem pensa que está em condições de julgar seu trabalho”.
Apesar de Freeman e Eastwood já terem feito três produções juntos, o ator garante que não interfere no trabalho do amigo. “É verdade, sou dotado de uma certa dose de arrogância, mas isto não me leva a dar indicações de direção a Clint, nem tampouco conselhos”, acrescentou.
Sobre sua opinião em relação ao rúgbi, o artista diz não partilhar das preferências de Nelson Mandela. “Gosto só de golfe, ou de um esporte com impacto zero, sem encontros físicos”, informou.