Mesmo que muitos ainda não tenham feito a associação, seja por falta de informação ou por pura falta de cidadania mesmo, todos nós percebemos o que acontece quando o lixo é jogado nas ruas ele acaba descendo por bueiros até rios, deixando a deprimente imagem de sacos, garrafas e todo tipo de objeto boiando nas margens, uma imagem que, infelizmente, moradores de grandes cidades como São Paulo conhecem bem.
Campanhas educativas do tipo lixo no lixo obviamente são necessárias, mas um grupo de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o famoso MIT, quer ainda mais. Eles querem saber qual é o tempo e o exato caminho percorrido pelo lixo a partir de quando ele é (ou deveria ser) descartado nas lixeiras, até quando ele chega ao seu destino final, como uma empresa de reciclagem ou aterro sanitário, para assim melhor entender e adaptar a infraestrutura da coleta de lixo, tornando o processo mais eficiente.
Chamado de TrashTrack, ou Rastreador de Lixo, o projeto consiste em colocar pequenos rastreadores em todo tipo de lixo, como latas de refrigerante, baterias de celular e até objetos maiores e mais incomuns, como banheiras de plástico para bebes.
Um dos mapas mostra que três dias e 30 quilômetros depois, uma embalagem de sabonete líquido ainda não havia chegado até o destino final em Nova York. Em outro mapa, uma latinha de alumínio demorou quase dois dias e percorreu mais de cinco quilômetros até uma empresa de reciclagem em Seattle.
Desenvolvido por um dos laboratórios do MIT, o SENSEable City Lab, o objetivo também é conscientizar as pessoas ao mostrar para elas o que acontece depois que seu lixo é descartado, resultando na diminuição do desperdício. Além disso, a expectativa é que, quanto mais informação, mais fácil será criar alternativas para reciclagem e manejo correto do lixo, diminuindo seu impacto ambiental.
Como funciona
O projeto está em andamento desde setembro passado em três cidades: Londres, na Inglaterra e Nova York e Seattle, nos Estados Unidos. Um pequeno sensor eletrônico é acoplado ao lixo, por exemplo, uma latinha de alumínio, que depois é descartada em uma lixeira qualquer. O aparelho então emite sinais periódicos que são captados pela rede de telefonia celular e transferidos para computadores do laboratório, funcionando como um GPS que indica o local do lixo em determinado momento.
E já que estamos falando de lixo e meio ambiente, segundo informações divulgadas pelo MIT, uma das preocupações dos cientistas era usar rastreadores compostos com elementos com nível tóxico abaixo do permitido por lei.