O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou nesta quarta-feira uma revisão independente do trabalho do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), após os erros detectados por especialistas em seus relatórios.
“Precisamos ter clara noção do que é que sabemos e também das incertezas. Temos que nos comunicar com transparência e debater com inteligência”, disse Ban, assegurando também que “não há provas que refutem a principal conclusão do relatório” do IPCC, a de que o homem “é responsável pelo aquecimento global”.
Ban fez o anúncio em um comparecimento perante a imprensa acompanhado do presidente do IPCC, o indiano Rajendra Pachauri. O cientista é um dos principais alvos das críticas dos que consideram que há um exagero sobre a existência da mudança climática.
A ONU encarregou a revisão dos procedimentos usados pelo IPCC à organização científica internacional InterAcademy Council. “Quero que fique claro: a ameaça da mudança climática é real. Nada do que se revelou ou se disse na imprensa recentemente altera o consenso científico fundamental sobre mudança climática”, destacou.
Pachauri, por sua vez, apoiou a iniciativa do secretário-geral da ONU e disse que reforçará os procedimentos usados nos relatórios. “É muito importante que a informação científica em nossos relatórios, que divulgamos amplamente, seja aceita por comunidades de todo o mundo, Governos, o setor privado e a sociedade civil”, acrescentou.
O cientista indiano também assegurou que o IPCC, que prepara um quinto relatório sobre a mudança climática, é “receptivo e sensível” às críticas que recebeu nos últimos meses.
O IPCC teve que admitir recentemente erros na conclusão contida em seu relatório de 2007, que apontavam que as geleiras do Himalaia poderiam desaparecer até 2035.
O organismo também recebeu fortes críticas por causa da divulgação, no ano passado, de e-mails da Unidade de Pesquisa Climatológica (CRU) da Universidade Britânica de Ânglia Oriental, que sugeriam uma tentativa de esconder certos documentos dos representantes da ONU.