Dois navios equipados com três submarinos e dois robôs tentarão encontrar a partir de março, em uma área dez vezes menor que a zona de buscas inicial, as caixas-pretas do avião que, em junho passado, caiu com 228 pessoas a bordo quando fazia a rota Rio-Paris.

A busca nessa área, reduzida a cerca de 2 mil quilômetros quadrados, será a última e se estenderá por quatro semanas. Trata-se da operação mais ambiciosa do Escritório de Investigação e Análise (BEA, em francês), organismo criticado pelas famílias das vítimas por não ter sido capaz de esclarecer as causas do acidente.

“Com os três sonares buscaremos o palheiro e com os dois robôs, a agulha”, explicou à imprensa o responsável pela investigação, Olivier Ferramte.

Segundo o diretor da BEA, Jean-Paul Troadec, há boas oportunidades de conseguir ler as caixas-pretas se realmente forem encontradas. Os dispositivos são feitos para aguentar o impacto do voo e profundidades de até 6 mil metros abaixo da superfície.

Acidente

Em 1º de junho, o avião A330 da Airbus, operado pela Air France, decolou do Rio de Janeiro com destino a Paris e caiu no oceano perto do arquipélago de Fernando de Noronha, por razões ainda desconhecidas. No acidente, morreram os 216 passageiros e os 12 membros da tripulação.

Até o momento, o BEA só recomendou a mudança dos critérios de certificação dos sensores que medem a velocidade de voo (Pitot), fabricados pela empresa francesa Thales. Porém, ainda não apontou os mesmos como responsáveis diretos pelo acidente.

A ambiguidade das explicações oficiais rendeu ao BEA duras críticas dos parentes das vítimas, tanto pela falta de esclarecimentos contundentes sobre o acidente como pelo ritmo do trabalho, que julgaram lento.

Na terceira fase, a última tentativa de esclarecer o que aconteceu naquele 1º de junho, o BEA determinou com mais precisão, e graças ao apoio de especialistas internacionais, a hipotética zona do impacto, através de simulações realizadas a partir das correntes submarinas e da localização dos restos do avião recuperados até agora.

Assim, a zona de busca foi reduzida a cerca de 12% dos 17 mil quilômetros quadrados iniciais e os esforços se centrarão agora em uma área de 2 mil quilômetros quadrados.

O fundo do oceano nessa parte, de relevo bastante acidentado, se encontra a cerca de 4 mil quilômetros da superfície. Por isso, caso os sonares submarinos levados pelos navios Anne Candies (EUA) e Seabed Worker (Noruega) encontrem as caixas-pretas, dois robôs descerão para recuperá-las.

Segundo Troadec, “é a última oportunidade” de encontrar as caixas-pretas porque “não se pode fazer mais que isso”. O custo da última etapa de busca, que conta com a participação de especialistas brasileiros, americanos, russos e franceses, chega a 10 milhões de euros (US$ 25,3 milhões). As despesas serão divididas pela Airbus e a Air France.

O diretor da BEA antecipou que, se não for possível encontrar as caixas-pretas nas quatro semanas previstas, seriam solicitados mais fundos para ampliar o tempo de busca.

A operação servirá para elaborar um mapa completo da área onde acham que podem ser encontrados os sistemas de gravação do avião, do tamanho de uma caixa de sapatos.


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Nova busca no Atlântico tenta achar caixas-pretas do voo da Air France