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Se o seu negócio é ouvir os covers do Nouvelle Vague todo blasé e fazendo carão, o show do grupo francês, definitivamente, não é para você.
É claro que a apresentação do projeto, liderado pelos franceses Marc Collin e Olivier Libaux, tem lá seus momentos introspectivos e feitos pensando na galera que quer chorar em silêncio os amores do passado e curtir uma atmosfera um pouco mais lírica. Mas o show que chegou ao Brasil na última quinta-feira e teve sua última apresentação hoje (3) no Clash Club é energia pura – e, porque não, com a adição de uma bela dose de sensualidade (mesmo que forçada).
Liderado pelas performáticas vocalistas Karina Zeviani e Helena Noguerra (acompanhadas por Marc Collin no teclado, Thibaut Barbillon na guitarra, Spencer Cohen na bateria e Valente Bertelli no baixo), o grupo entrou no palco com uma versão enigmática de Bela Lugosi’s Dead, do Bauhaus. A performance de Karina nesta música resumiu muito bem o espírito do show: uma alternância entre momentos verdadeiramente inspirados e músicas em que as vocalistas exageravam na dramaticidade, caindo no caricato e forçando um sentimento que nâo estava ali. Quando a emoção é verdadeira, não existe necessidade de exagerar – e é essa delicadeza que ficou faltando em muitos momentos do show.
Mas uma coisa é inegável: o Nouvelle Vague saber entreter sua plateia. Ah, e como sabe. Provavelmente fazia tempo que o Clash Club não recebia um público tão peculiar: digamos que, para comemorar as músicas conhecidas escolhidas pelo grupo (como os clássicos Love Will Tears Us Apart, do Joy Division, e Road To Nowhere, do Talking Heads), a plateia gritou, balançou aos mãos, abraçou os amigos e esqueceu a cerveja no chão. Todos foram ao show ouvir clássicos que ganharam uma roupagem nova pelas mãos do Nouvelle Vague – e, como a intenção era cantar junto, ninguém saiu insatisfeito da apresentação.
A performance de Karina Zeviani e Helena Noguerra foi um enigma – ao mesmo tempo em que ambas mandaram bem na parte vocal e souberam conduzir as músicas com delicadeza, a presença de palco foi um tanto paradoxal.
Mesmo conseguindo dominar o espaço do palco e trazer a galera para perto, as duas exageraram um pouco na hora de tentar agitar o público. Lembra do ditado popular de que tudo em excesso faz mal? Pode ser clichê, mas é fato que a quantidade de trejeitos exagerados e a gritaria e animação histéricas das duas competentes vocalistas faziam com que tudo tivesse uma aura de falsidade – às vezes, o mais simples é mesmo o melhor.
Helena Noguerra, aliás, foi uma atração a parte: a vocalista arrancou a saia (e pagou calcinha aos gritos de “tira, tira”), pulou ensandecida durante boa parte do show, cambaleou, encoxou a colega de banda, tirou as botas e reclamou que o público brasileiro é “muito tímido”. A simpatia da vocalista era tanta que, pelo jeito, ninguém voltou para casa sem lembrar não só da voz fofa de Helena como de sua animação (que teve direito até a um símbolo máximo do fã-clube David Guetta: o coraçãozinho feito com as mãos <3).
Em relação ao setlist, absolutamente nenhuma surpresa – o Nouvelle Vague focou sua apresentação nas músicas de seu álbum mais recente, 3, mas obviamente não ficaram de fora clássicos como Love Will Get Us Apart, Guns Of Brixton, Friday Night Saturday Morning, Bela Lugosi’s Dead e Human Fly.
Confira abaixo o setlist do show:
Bela Lugosi’s Dead – Bauhaus
Master and Servant – Depeche Mode
Ever Fallen in Love – Buzzcocks
Blue Monday – New Order
Making Plans For Nigel – XTC
Metal – Gary Numan
Just Can’t Get Enough – Depeche Mode
Human Fly – The Cramps
Guns Of Brixton – The Clash
Too Drunk To Fuck – Dead Kennedys
God Save The Queen – Sex Pistols
Dance With Me – The Lords of the New Church
I Melt With You – Modern English
Road To Nowhere – Talking Heads
Blister In The Sun – Violent Femmes
Friday Night Saturday Morning – The Specials
Love Will Tear Us Apart – Joy Division
Bis 1
So Lonely – The Police
A Forest – The Cure
Bis 2
Not Knowing – Minimal Compact
In A Manner of Speaking – Tuxedomoon
