Raimundos – Puteiro em João Pessoa – @denismoreira
Quando mais sabemos da patética volta dos Raimundos com Tico Santa Cruz no vocal, mais dá vontade de ouvir o disco de estréia da banda, um dos cinco melhores da história do rock nacional. No CD, os brasilienses misturaram de maneira absurdamente genial Ramones e hardcore com forró, thrash metal e música brega, gerando a partir daí uma penca de hits: Puteiro em João Pessoa, Selim, Nega Jurema, Bê-a-Bá. E as (ótimas) letras, sacanas e nonsense até o talo, abriram a pontapés a porta das rádios para músicas com palavrões e palavras chulas. Pesado, rápido, sujo e desbocado, o disco marcou a música nacional nos anos 90 e serviu como referência para grande parte da geração que faz rock hoje em dia. Clássico!
Denis Moreira (editor de diversão)
The Source featuring Candi Staton – You Got The Love – @camilorocha
Música inspiracional para segunda-feira, fora que é um dos mash-ups/bootlegs mais famosos da história. O vocal de uma faixa dos anos 80 da diva Candi Staton com o instrumental de Your Love, de Frankie Knuckles/Jamie Principle. O resultado é puro ouro, um clássico eletrônico dos anos 90. Florence & The Machine fez cover para seu disco que saiu agora. (sendo que Friendly Fires já tinha feito cover de Your Love, como esses indies atuais curtem seu house vintage).
Camilo Rocha (editor de música)
The National – High Violet – @stefaniegaspar
O álbum ainda não chegou às lojas, mas desde que vazou se tornou o novo queridinho da galera indie. E não é para menos, já que o The National conseguiu superar toda a inspiração e as melodias belíssimas de Boxer, seu lançamento anterior. High Violet começa bem com a linda Terrible Love, que já mostra que o grupo continua afiado nas melodias e em harmonia com a voz de barítono de Matt Berninger – mas é em Little Faith que o grupo mostra a que veio. Até agora, um dos álbuns de 2010.
Stefanie Gaspar (repórter de música)
Harvey Milk – A Small Turn of Human Kindness – @polaco_
Minha indicação hoje é suja, feia, barulhenta e grátis. O sétimo disco do Harvey Milk (a banda de Athens, EUA, não o ativista dos direitos gays de São Francisco) é das coisas mais arrastadas e sinistras que os caras já fizeram desde o perturbado disco de estreia deles, My Love Is Higher Than Your Assessment of What My Love Could Be, de 94. O disco novo se chama A Small Turn of Human Kindness e pode ser ouvido de graça na boa e velha NPR. É stoner daqueles bem cobertos de areia.
Luiz Filipe Tavares (repórter de música)
John Cage – Water Walk – @vitorangelo
Em homenagem a minha gastrite vou indicar o mestre John Cage, o pai da música aleatória e incansável pesquisador do silêncio. A clássica 4’33”, na qual o pianista fica imobilizado por quatro minutos na atitude de ataque às notas, é consequência de sua obsessão pelo silêncio. Ele ficou preso durante dias em uma concha acústica para ouvir o silêncio e constatou que isso era impossível: “O silêncio é grávido de som”, disse na época. Mas não é essa peça que indicarei e sim um encontro inusitado e único. Cage, um erudito radical, vai a um programa de auditório apresentar sua música/performance Water Walk. O cara mais radical em um veículo que ainda procurava sua linguagem. Tanto ele como a plateia parecem se divertir muito e o vídeo nos mostra as possibilidades que temos hoje, antes da formatação decisiva da internet, de investir e mergulhar nessa mídia. Afinal, um encontro desses só foi possível naquela TV que ainda não havia sido tão formatada e enlatada. Bom exemplo para pensarmos a internet de forma criativa e inusitada.
Vitor Angelo (editor de famosos)
Koop – Koop Island Jazz – @claricemachado_
O Koop é um duo de jazz eletrônico da Suécia e é o que anda me encantando os ouvidos. O som é um bom background para o dia a dia e pra começar a semana. Um som de leve, agradável e grave [adoro] como um bom jazz, e suave com um bom vocal feminino. Em algumas canções, o bucolismo e nostalgia de outros tempos pesam bastante, com instrumentos como o acordeon e um climinha Moulin Rouge.
Clarice Machado (editora de imagens)
Primeiro disco de estúdio do gênio do dubstep Rusko (nascido como Christopher Mercer). Misturando o gênero com house, hip-hop, electro e DnB, Rusko se afasta da sonoridade do parceiro Caspa (com quem fez o disco Fabric Live), que vai mais fundo no ragga e no dub, e faz autênticas bordoadas com seus graves pesadíssimos. O disco traz participações especiais de Amber Coffman (Dirty Projectors), Ben Westbeech, o duo italiano Crookers, e outros. Todo cheio de moral na estreia, foi lançado pelo selo do famoso DJ Diplo, Mad Decent.
Jean Felipe (repórter de musica)
Josh Rouse – El Turista – @juzambelo
Esse disco é o mais novo fruto de um grande amor. É o recém-lançado álbum do norte-americano Josh Rouse, um disco totalmente influenciado pelo fato do cantor e compositor ter se mudado dos EUA para a costa da Espanha para seguir seu coração. O CD tem letras em inglês e espanhol, traz músicas calminhas com violões dedilhados e bate no ouvido como a brisa salgada de um fim de tarde na praia. Quem procura referências vai encontrar bossa nova e o folk de Simon & Garfunkel, bem como um pouco da carreira solo de Paul Simon.
Juliana Zambelo (repórter de famosos)
Zeca Pagodinho e Jorge Benjor – Ogum/Taj Mahal – @luizteixeira
Dois cantores de talentos inquestionáveis em uma versão das músicas Ogum e Taj Mahaj, gravada para o DVD Especial do Zeca Pagodinho (Uma Prova de Amor), feito pela MTV no ano passado. É o tipo de som para quem curte ou não (@oclebermachado) um bom samba.
Luiz Teixeira (repórter de esporte)
Supercordas – Índico de Estrelas – @tiagoagostini
O segundo disco, A Mágica Deriva dos Elefantes, está virando lenda, mas os cariocas do Supercordas lançaram recentemente duas músicas novas no seu MySpace para aplacar a sede de quem quer material novo da banda. Índico de Estrelas é uma balada espacial cheia de psicodelia à Flaming Lips e Grandaddy e que remete à sonoridade dos primeiros EPs da banda. Os cuidados com os arranjos e os detalhes de timbres que marcam a carreira do Supercordas se fazem presentes em mais uma ótima composição de Bonifrate. Quem estiver em São Paulo esta semana tem uma ótima oportunidade de conferir um show da banda, nesta terça-feira, no CB.
Tiago Agostini (editor de home)
Eli “Paperboy” Reed – Come And Get It – @flaviadurante
Eli “Paperboy” Reed, 26 anos, é um típico judeu americano de Boston mas parece até conhecer a pérola do brasileiríssimo Tim Maia: “o segredo do meu sucesso é o equilíbrio: metade das minhas músicas são esquenta-sovaco e a outra metade é mela-cueca”. Em seu terceiro disco, Come And Get It, Reed lança um álbum ideal para um baile de sábado à noite juntando no mesmo álbum a crueza da Stax (em porradas como Explosion) e o romantismo da Motown (como na balada Pick Your Number). Perfeito pra dançar e namorar.
Flávia Durante (editora de redes sociais)
Elliott Smith – Figure 8 – @thyagogc
No final de semana, fiquei sabendo da treta do Roger Waters (ex-Pink Floyd) com os fãs do Elliott Smith. Não tá sabendo? O cara simplesmente mandou pintar e colar uns cartazes da nova turnê justamente na parede que imortalizou a capa do último disco lançado pelo troubador em 2000, três anos antes da sua triste morte – que até hoje ninguém sabe se foi homicídio ou suicídio. Aquele local (a frente de uma loja no Sunset Boulevard, em Los Angeles) tinha virado um memorial, onde fãs colocavam flores, letras das músicas, declarações. Ou seja, uma “puta falta de sacanagem” com a memória do Elliott. Ok, ele pediu desculpas, mas agora tá feito. Bem, todo esse mimimi serviu para relembrar a grandiosidade do Figure 8. O trabalho instrumental do álbum (ele tocou vários instrumentos) é bem mais complexo que os anteriores. A influência de Beatles é muito clara em canções como Can’t Make A Sound e Easy Way Out, dois clássicos, e muitos apontam também os Smiths como fonte. Embora seja muito pesado nas letras, várias melodias são otimistas. O single Son of Sam, como aquele videoclipe que tantas vezes passou na MTV no início da década, alegrou minha vida. Pode parecer muito estranho, mas algumas músicas me deixam feliz. Em compensação, Everything Means Nothing to Me e Stupidity Tries já embalaram noites de angústia. Experimente! Sob qualquer humor.
