A chuva torrencial que caiu em Pernambuco ontem afastou o público da segunda e última noite do festival Abril Pro Rock – foram duas mil pessoas, sendo que no dia anterior foram três mil -, mas quem foi ao Pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda, pode conferir uma grande diversidade sonora. Teve rock setentista do Amapá, rock gótico do Ceará, samba-rock de Alagoas, rock cantado em inglês de Pernambuco,
pop de Minas Gerais e música latina com roupagem eletrônica do México, entre outros.
O primeiro show do evento foi a da psicodélica Anjo Gabriel (PE). Não animou a ainda incipiente plateia presente no local. Em seguida, veio o Mini Box Lunar (AP), que agradou mais com sua mistura de Mutantes, Tropicália e música paraense. Na sequência, subiram ao palco o rock simples do Plástico Lunar (SE), o hardcore do Bugs (RN) e o pop melodioso de Zeca Viana (PE).
Depois, foi a vez da atração ainda não conhecida do grande público que mais levantou a plateia, já maior com o passar das horas: a Vendo 147 (BA). Sem vocal, mas com baixo, duas guitarras e duas baterias, fez um rock poderoso, bastante festejado e aplaudidos por quem assistiu. O rock cantado em inglês do River Raid (PE), que acabou de fazer turnês nos Estados Unidos e Canadá, também chamou a atenção com sua
sonoridade indie bem feita, com ares de som de banda grande.
O perfomático Nevilton (PR) pulou e dançou seu rock alegre no palco, e acabou sendo seguido pela plateia. A Plastique Noir (CE) trouxe um pouco dos anos 80 para o festival, com seu som gótico e estética dark. Já Wado (AL) trouxe com seu samba-rock uma leveza contagiante, que fez atém quem não dança arriscar uns passinhos de samba. O 3naMassa na massa fez jus ao seu álbum “Na Confraria das Sedutoras”. Marina de La Riva, Nina Becker, Lurdez da Luz (MC da Mamelo Sound System) e Karine Carvalho (esposa de Rodrigo Amarante, ex-Los Hermanos) cantaram e encantaram, jogando charme e seduzindo o público.
Depois da sedução, hora de se esbaldar com a mistura irresistível de música popular do México e programação eletrônica do Instituto Mexicano Del Sonido (MEX). A mistura de latinidade com beats botou muita gente para dançar. A festa continuou com Afrika Bambaataa (EUA). Com a ajuda de dois MCs, o pai do hip hop e do funk carioca apostou em mixagens de músicas mais recentes, como “Rock this party”, de Bob Sinclair, e “I Like To Move It”, trilha do filme Madagascar. Clássicos como “Planet Rock” ficaram de fora, mas o pancadão do Rio de Janeiro se fez presente, com músicas como “Tá Tudo Dominado”, da Furacão 2000, transformando o Abril Pro Rock em baile funk.
Depois de uma maratona de atrações, o público ainda teve gás para acompanhar com alegria o pop do Pato Fu (MG). A banda, que tocou pela quarta vez no festival – a primeira em 1995 -, tirou do fundo da gaveta hits mais antigos, como “Rotomusic de Liquidificapum” (música que dá nome ao primeiro álbum do grupo) e “Mamãe ama o meu revólver” (do segundo álbum).
Simpática e sempre interagindo com o público, a vocalista Fernanda Takai assumiu a “fofura” que sempre lhe é atribuída e usou orelhas de coelhinho para cantar “Depois” e chifrinho de diabo e óculos escuros para “Capetão 66.6 FM”. Clássicos como “Ando meio desligado”, “Eu”, “Perdendo Dentes” também marcaram presença, e foram cantados em
uníssono. “Sobre o Tempo” encerrou a apresentação de forma nostálgica e para cima.
A festa continua. Os shows no Pavilhão do Centro de Convenções acabaram, mas o Abril Pro Rock continua até o início de abril. Nos dias 20, 22, 23, 24, 30 de abril e 01 de maio acontece o APR Club, que será realizado no casarão 143 da rua do Apolo, no Bairro do Recife. Três shows e sets de DJs recheiam as noites, sendo duas apresentadas
pela BBC Rádio 3 (rádio pública eleita a melhor do ano no Reino Unido) e uma pela rádio Antena 3 de Portugal. Entre as atrações, Dead Fish, Mundo Livre S/A e Siba. Os ingressos custam R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) e R$ 15 (ingresso social) e estão à venda na Seaway do Shopping Paço Alfândega.