Os códigos masculinos, o café, o boxe, o luxo extremo e a Rússia imperial inspiraram alguns dos desfiles da semana de moda masculina de Paris, que começou nesta quinta-feira com apresentações de coleções para a temporada Outono-Inverno 2010-2011.

O brasileiro Gustavo Lins focou sua própria trajetória e apresentou à imprensa “um resumo de tudo o que” fez “até agora”.

“O que me interessa é brincar com os códigos masculinos”, como a alfaiataria europeia, muito construída, e, ao mesmo tempo, misturá-los com outros, como os do quimono, disse o mineiro, que na semana que vem apresentará suas criações nos desfiles de alta-costura.

Na coleção apresentada nesta quinta, “há uma parte um pouco espanhola da minha vida, uma parte brasileira, uma parte japonesa, porque sempre trabalho com quimonos”, e uma parte de alfaiataria, declarou o estilista à Agência Efe.

Já Jean-Paul Gaultier optou pelo boxe e mergulhou fundo no universo deste esporte. Além de se inspirar nas vestes usadas pelos lutadores, transformou o local de seu desfile em um verdadeiro espetáculo, com direito a ringue, juiz e luta.

Os socos trocados na passarela ao longo de toda a apresentação foram protagonizados por duas mulheres, que pouco a pouco foram ficando desfiguradas. Ao mesmo tempo, modelos masculinos desfilavam as novas criações do estilista passando pelas laterais do ringue.

As propostas de Gaultier para o próximo inverno incluíram camisetas, jaquetas, calções de cetim, roupões de banho forrados com tecidos brilhosos e capuz, coturno de couro e calças justíssimas.

Para a noite, o estilista francês criou trajes de gala, ternos pretos por fora e brancos por dentro, além de sobretudos curtos e longos com lapela de cetim.

Por sua vez, a grife Issey Miyake explorou o mundo do café, servido a todos os convidados que chegavam ao desfile e que podia ser encontrado em sacos espalhados por entre os assentos da plateia.

Na passarela, a tradicional marca japonesa apostou em texturas leves, em ternos com calças belamente enrugadas e coletes estruturados e plissados, e em um inverno aquecido por tons café, laranja vivo, vermelho e verde.

Grafismos amarelos e pretos, calças de cintura alta bicolores e estampas militares foram outros elementos explorados pela grife, que mais uma vez prezou pelo conforto e a beleza.

Inspirado pela Rússia imperial e a tradição folclórica eslava, Francisco van Benthum desfilou pela quarta vez na capital francesa.

Marrom, ouro, bege, preto, cinza, laranja e vermelho dominaram a paleta de cores. O volume, por outro lado, deu o tom dos looks apresentados. Os principais destaques foram as calças de cintura alta e os conjuntos com bordados e efeito patchwork.

Grande intelectual, o costureiro francês de origem argentina Gaspard Yurkievich foi buscar sua inspiração na segunda metade dos anos 1980, mais especificamente em um dos primeiros stylists do mundo da moda, o inglês Ray Petri.

Para Yurkievich, mais que um estilo, Petri impulsionou uma maneira de ser, uma atitude diante da vida capaz de levar elegância ao estilo urbano, como a que quis propor na apresentação de hoje.

No desfile do francês, as bolsas foram o que mais chamaram atenção. Na forma de mochila, compridas, cruzadas, amplas, elas apareceram em pied-de-poule, couro ou plástico, quase sempre com vários bolsos.


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Mineiro Gustavo Lins brinca com códigos masculinos em desfile em Paris

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