Entre os inúmeros clichês frequentemente associados ao jazz, alguns dos mais comuns afirmam que o gênero está morto – ou, com uma ironia nada disfarçada, rotulam o jazz como “música de velho”.
O show do trio americano Medeski, Martin & Wood no teatro do Sesc Pompéia, em São Paulo, provou que, brincadeiras à parte, o jazz vai muito bem e que um estilo que investe com força na improvisação e no instrumental não precisa de ajuda para sobreviver.
O lotado teatro do Sesc só teve uma dificuldade durante toda a apresentação: permanecer sentado. Mesmo que os músicos tenham aproveitado ao máximo a improvisação para transformar as músicas já conhecidas de seu repertório em números inéditos, a principal caraterística do show foi a sonoridade grooveada, que deixou a plateia batendo os pés nas cadeiras desconfortáveis do teatro.
Era difícil reconhecer algumas músicas, mas isso não foi impedimento para a diversão – muito pelo contrário, já que é a inventividade que faz com que o jazz do trio se diferencie com tanta propriedade da imagem degastada do gênero.
Formado por John Medeski (teclado), Chris Wood (baixo acústico e elétrico) e Billy Martin (bateria e percussão), o trio chega ao Brasil com a turnê de seu álbum mais recente, Radiolarians: The Evolutionary Set, que traz uma performance do grupo ao vivo, um CD de remixes e um documentário. No palco, os três músicos vão muito além do dito “jazz tradicional”, incorporando elementos do funk, do rock e até mesmo do rap, resultando em uma sonoridade que vai do groove a um som mais atmosférico em um pulo.
Agora é esperar que o trio retorne ao Brasil muitas e muitas vezes, para que um público maior (o teatro do Sesc e do Bourbon Street, onde aconteceu a primeira apresentação em São Paulo, são lugares pequenos) possa presenciar suas inspiradas improvisações.