Pensei primeiro em uma folha em branco, um nada, um iniciar, um gesto para o todo possível. Mas achei a solução óbvia e clichê. E pensando em clichê, pensei na liberdade dos marginais, as pessoas que estão à margem da sociedade. Elas, longe de certos condicionamentos sociais, talvez nos pareçam mais livres, mas nosso medo de sairmos de certas zonas de conforto, nos impede averiguar se isso é realmente verdade.
“Seja marginal, seja herói”, pinta Hélio Oiticica em homenagem ao amigo, o bandido Cara de Cavalo, morto pela polícia. Os artistas tem o dom de nos fazer olhar de maneira nova para velhos assuntos. Assim como Hélio, Lou Reed fez poesia com todos os travestis, michês, e drogados que frequentavam a mítica Factory de Andy Warhol. Lá, ser herói era ser marginal com todos dando um rolê pelo lado escuro, mas livre.