Há quatro meses abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, capital hondurenha, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, prepara-se para deixar a sede da representação brasileira nesta quarta-feira (27) rumo a Santo Domingo, capital da República Dominicana. Amanhã (27) toma posse o presidente eleito hondurenho, Porfírio Pepe Lobo. Um acordo entre Pepe Lobo e o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, deve permitir a saída de Zelaya.
Porém, as autoridades hondurenhas mantêm em segredo os detalhes sobre o acordo e a possível saída de Zelaya da embaixada. Os negociadores brasileiros acompanham a distância as articulações.
O governo do Brasil não foi informado oficialmente sobre o acordo e a eventual saída do presidente deposto de sua representação. A ideia é que Zelaya e sua mulher sejam retirados da embaixada em um helicóptero e na companhia de Fernández. O casal é considerado hóspede do governo brasileiro, assim como os correligionários de Zelaya.
A interlocutores, Zelaya sinalizou que ficará apenas um período em Santo Domingo. O objetivo, segundo ele, é aguardar que Pepe Lobo estabeleça nos próximo dias um acordo de reconciliação nacional. Com isso, Zelaya poderia retornar a Honduras livre de riscos e de ameaças de opositores.
Na tarde desta terça-feira (26) os congressistas hondurenhos debatem o conteúdo do decreto de anistia. O objetivo é perdoar todos os envolvidos no golpe de Estado de 28 de junho de 2009 que depôs Zelaya. Na ocasião, setores do Congresso Nacional, da Suprema Corte e das Forças Armadas coordenaram a ação e o então chefe do Legislativo, Roberto Micheletti, assumiu a presidência do país.
O governo brasileiro rechaçou o golpe, não reconhece o comando de Micheletti nem legitima a eleição de Pepe Lobo. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus assessores, Zelaya teria de ser reconduzido ao poder e transmitir o cargo a Pepe Lobo. As autoridades brasileiras também levantam dúvidas sobre o ambiente político em que foram realizadas as eleições de novembro quando Pepe Lobo saiu vitorioso.
Hoje (26) a Anistia Internacional apelou ao presidente eleito para que investigue os abusos cometidos durante o golpe de Estado. De acordo com o organismo, houve violência sexual contra crianças e mulheres, espancamentos e ameaças de intimidação a autoridades.