O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, anunciou nesta quinta-feira a sua demissão do cargo a partir do próximo 1º de julho.
Em comunicado divulgado pela secretaria da Convenção, com sede em Bonn (Alemanha), Boer informou que assumirá “novos desafios” trabalhando em assuntos relacionados com o clima e a sustentabilidade no setor privado.
O secretário-executivo explica na nota que a partir de julho trabalhará como assessor para a empresa de consultoria alemã KPMG. “Sempre defendi que apesar do dever dos Governos nas questões, as soluções reais devem provir das empresas”, disse Boer em comunicado.
Ressaltou também que, apesar de a cúpula de Copenhague de dezembro não ter alcançado um compromisso vinculativo, houve uma clara aposta política em direção a um mundo com menores emissões.
“Isto pede que se forjem novas cooperações com o setor empresarial e eu devo ajudar para que isto ocorra”, precisou. Embora Boer tenha evitado fazer um balanço negativo de Copenhague, os analistas sustentam que sua saída da Secretaria da Convenção pode estar relacionada com o fracasso da cúpula.
O responsável da ONU sobre Mudança Climática tinha apostado em um acordo ambicioso em Copenhague, o que não ocorreu.
O acordo de Copenhague estabeleceu um fundo total de US$ 10 bilhões entre 2010 e 2012 para permitir aos países mais vulneráveis enfrentar os efeitos da mudança climática, e de US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para mitigação e adaptação.
De Boer, de 55 anos, assumiu o cargo em 2006, e anteriormente tinha sido subdiretor-geral do Ministério do Meio Ambiente da Holanda. Ele também foi assessor do Governo chinês e do Banco Mundial.
No comunicado, o secretário-executivo assegurou que até deixar o cargo seguirá com os preparativos para a próxima cúpula no México em dezembro, reunião que será precedida por uma conferência ministerial em Bonn no fim de maio.
