Pouca gente imagina, mas o nível de organização da bateria de uma escola de samba é tão grande quanto a intensidade do som produzido por cada um dos músicos.

É preciso muito trabalho para fazer que o batuque de proporções brutais executado pelos cerca de 250 ritmistas – número estimado para uma agremiação média ou grande – não pareça confuso ou embolado.

Organização

O número de ritmistas que compõe a bateria varia de escola para a escola: a Vai-Vai, por exemplo, conta com cerca de 300 integrantes. Todos eles são organizados por setores e ficam sob o comando do mestre de bateria e alguns auxiliares.

Durante os ensaios, que acontecem normalmente duas vezes por semana com meses de antecedência do Carnaval, o mestre de bateria coordena o ritmo e cria as características do batuque que deve acompanhar o samba-enredo da agremiação.

Embora a organização específica dos ritmistas na avenida seja diferente para cada escola, normalmente a bateria segue uma estrutura básica: os instrumentos mais leves e com sons diferenciados, como agogô e cuíca, vão na frente da comissão, seguidos pelos tamborins, chocalhos e, por fim, pelos numerosos ritmistas responsáveis pelos surdos e pelas caixas.

Um fator crucial na avenida é que a bateria deve se organizar de modo a respeitar o recuo, que determina a distância entre a bateria e os passistas. Neste momento, o diretor de bateria precisa avisar o ponto exato para que os músicos façam a curva rumo a uma área reservada. O segredo é que o restante da escola siga a bateria no compasso, para que não exista espaços vazios na avenida.

Ritmo

O mestre de bateria conduz seus passistas pela avenida por meio de sinais específicos, que mudam de escola para escola.

Os gestos indicam a hora de alguns instrumentos entrarem no ritmo e, mais importante, o início dos compassos: a virada de primeira, em que todos os instrumentos entram juntos, comandados pelo surdo de primeira; a virada de segunda, sem os instrumentos agudos como cuíca, chocalho e agogô; e a virada de terceira, com o retorno de todos os instrumentos e a alternância entre surdo de primeira e terceira. Por fim, a bateria vira e se prepara para sair.

É a partir dessa organização que o mestre de bateria precisa cuidar dos sons de cada setor, para que um não atropele o outro e o samba não atravesse, ou seja, alguns instrumentos toquem mais rápido do que outros.

Avaliação

Os critérios utilizados pelos jurados para avaliar a bateria de uma escola de samba são os seguintes: a regularidade e a sustentação da cadência e do ritmo (em conjunto com o samba-enredo), a harmonia dos sons dos instrumentos e a criatividade que distingue a bateria de cada agremiação.

Para não criar injustiças entre escolas de diferentes portes que atuam no mesmo grupo, os jurados não levam em conta a quantidade de ritmistas.


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Veja como funciona a bateria de uma escola de samba

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