Se o CD ainda não morreu, deve a sobrevida a gênios como Thom Yorke (Radiohead), Colin Meloy (The Decemberists) e Matt Bellamy (Muse). Este último é a razão do texto com a terceira obra-prima seguida de sua banda, “The Resistance”, que acaba de ser lançado.

Gênios se diferenciam dos outros músicos por não parirem simplesmente algumas músicas boas, completarem o espaço que faça valer o lançamento de um disco e soltarem o trabalho que justifique nova turnê. Discos como “Ok Computer” (1997), do Radiohead, “The Hazzards of Love” (2009), do The Decemberists, e este “Resistance” são claramente concebidos do início ao fim antes de ganharem formato físico. E vocês
os ouve como se lesse um livro, ou assistisse a um filme bom.

Com isso, fogem da briga dos singles, baixados a qualquer nota e banalizados na web. Faz-se necessário o pacote que abriga o conceito artístico. No caso, o CD. E por sobra nos lembram que a música é uma arte maior, e não apenas preenchimento de silêncio com algo impalpável.
Aliás, se analisado por esse contexto, é ainda mais impressionante a realização – não há tela branca a preencher, não há elementos nem cores certas e/ou erradas, apenas o silêncio com tudo o que possa emitir som, em seus infinitos timbres.

E Matt Bellamy utiliza e muito as armas. Por isso o Muse é facilmente ridicularizado (se esta for a intenção). Bellamy é megalomaníaco a ponto de encerrar o disco com três musicas que batiza de sinfonias, em partes 1, 2 e 3, conduzidas no piano. E no restante dos 52 minutos utiliza tudo o que de magnificente e pomposo (efeitos inclusos) aparece em sua
frente, com homenagens explícitas a quem executava muito bem essa prática, os britânicos do Queen. Quer alvo maior que esse para críticos?

Mas também dessa ousadia nascem obras como “The Resistance”, que servem para tudo, menos para embrulhar o peixe amanhã.


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Vazou: The Resistante traz um Muse megalomaníaco - e destruidor