Época de vestibular é recheada de dúvidas, pressão, medos e insegurança. A conseqüência de tanto esforço é a entrada na faculdade. É necessário tomar decisões sobre o futuro, aprender a lidar com pessoas diferentes e estar aberto às críticas mais pesadas. Além disso, tem a parte da curtição: festas, encontros, churrascos e os clássicos porres.



Quem vê de longe imagina que só jovens enfrentam essa maratona de emoções, certo? ERRADO. E que tal imaginar sua mãe dentro desse ápice do convívio social?
Pensando nisso, fomos atrás de mulheres que inverteram a ordem considerada normal da vida. Primeiro elas casaram, tiveram filhos e agora estão aperfeiçoando a carreira profissional.



Para provar a si mesma que era capaz, Tânia Passos decidiu que faria uma faculdade. Aos 37 anos e mãe de dois filhos, foi para o cursinho.



Não diferente dos jovens as dúvidas surgiram, prestou o curso de Publicidade e Propaganda, Letras, Direito e Psicologia. Decidida, passou por cima dos palpites maldosos de uns e outros familiares e até mesmo o ciúmes do marido, e começou a cursar Publicidade e Propaganda na faculdade Cásper Libero em São Paulo no ano de 2007.



Mudou de curso e faculdade e hoje cursa Direito na FMU.  Tânia confessa que este é o assunto que mais gosta de falar já que o sonho da sua vida está se concretizando. “Ser mãe tem um peso negativo e positivo. A experiência de vida conta muito para o aproveitamento dos estudos e eles (os filhos), te ajudam a por os pés no chão quando você acha que não vai conseguir”, conta.



Se a história de Tânia já é de se admirar, imagine de mães que estudam com as próprias filhas e passaram por todo esse turbilhão juntas?



No caso de Marta Ricieri, a iniciativa partiu da filha Juliana Ricieri, que quando chegava em casa do cursinho dedicava-se a ensinar a mãe. Ambas cursaram enfermagem juntas na UNIFIL em Londrina. A filha aos 20 anos e a mãe aos 43.



“Como eu tinha minha mãe em sala me cobrava muito mais e ela por ser meu exemplo, queria ser melhor. Quando umas das duas tiravam notas baixas era ruim, rolava um constrangimento. Só nós entendíamos o que estava acontecendo”.



Apesar dos contratempos, Dona Marta, como era conhecida entre a turma nunca impediu Juliana de fazer nada, desde dar aquela cochiladinha em sala até mesmo matar aula de vez em quando.



Hoje, formadas com direito a TCC juntas, entrada para dançar valsa com seus respectivos pais, elas trabalham em áreas diferentes. “Foi a melhor e a pior experiência que vivemos, tivemos que aprender muitas coisas no nosso relacionamento, incrível como nos unimos. Não foi fácil pra minha mãe. Mas ela entendia que viviamos a mesma época, com cabeças diferentes”,  conclui Juliana, orgulhosa.



Se a Tânia e Dona Marta já são mães de se tirar o chapéu, não tem como deixar de fora a Neuza, que aos 58 anos que deu trote na própria filha, Fernanda de 21.



Juntas providenciaram todos os documentos necessários e fizeram a inscrição da mãe para o vestibular no curso de Modelagem de Moda no SENAI do Rio de Janeiro. De repente a surpresa, ela passou.”Parecia que tinha ganhado na loteria”, conta Fernanda.



Mas por problemas de saúde, Neuza não pode ir nas primeiras semanas de aula. Então Fernanda começou a freqüentar as aulas no lugar dela e quando chegava em casa passava todo o conteúdo pra mãe.



Bastou para se apaixonar pelo curso e no semestre seguinte ingressar na faculdade. Levou trote da mãe e adiantou um montão de matérias para estudarem juntinhas. Deu certo.



“Mamusca cobrava nota 10 das filhas. Colar? Nem pensar! Nada de conversar na aula,nem dormir. No início foi engraçado porque passei a cobrar tudo isso dela, parecia que ela tinha voltado a adolescência”.



Neuza estuda a tarde, trabalha a noite, cuida da casa pela manhã e ainda arranja tempo pra ser uma das melhores alunas da sala. No próximo ano mãe e filha estão formadas. “Acho que nunca é tarde para iniciar uma nova fase, fazer uma reviravolta na vida em busca de um sonho”,  aconselha.


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Universidade também é lugar de mãe!