O escritor e semiólogo italiano Umberto Eco disse nesta terça (19) em Madri que daria o romance <i>Lolita</i>, do escritor russo Vladimir Nabokov, de presente ao primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, em virtude das últimas notícias divulgadas sobre ele.
Em Madri, Eco, importante intelectual contemporâneo, concedeu uma entrevista coletiva na qual lhe perguntaram o que está acontecendo com os italianos, por manterem Berlusconi no poder. O autor de <i>O Nome do Rosa</i> respondeu que não tem nada acontecendo e que “os italianos são todos assim”.
“Primeiro, apoiaram o fascismo. O abandonamos quando já havia um milhão de cidadãos mortos. Depois, aguentamos 50 anos de democracia cristã, e agora elegem um personagem piadista e caudilho. Agora, só falta Berlusconi matar um milhão de italianos, mas eu estou velho para ver isso. Se isto acontecesse, me exilaria na Espanha”, disse Eco bem-humorado.
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, disse hoje que a
jovem Noemi Letizia foi “crivada de forma inaceitável” desde que
apareceram as fotos de sua festa de aniversário, que teve a presença do
chefe de Governo e que deram espaço a todo tipo de rumores sobre a
relação dos dois.
DEBATE SOBRE A MÍDIA
Durante o evento que recebeu uma medalha de honra por sua contribuição literária, o escritor, de 77 anos, também comentou sobre as novas mídias e a imprensa.
Segundo Eco, os livros impressos não desaparecerão por causa das versões eletrônicas. “Não conseguiremos nos livrar dos livros”, afirmou. “Eu não poderia ler Proust em formato digital. Seria impossível. Se eu tivesse que deixar um legado para o futuro, deixaria um livro, e não em formato digital”, afirmou.
Com relação ao jornal impresso, não se mostrou tão otimista. “Eu gosto de abrir as folhas do jornal tomando o café de manhã, mas já não sei se isso é o que meu neto pensa”.
“A ameaça à liberdade de imprensa”, argumenta, “já não tem a ver com ditadores ou com censuras. Sabemos que existe na Rússia de (Vladimir) Putin ou na Coreia do Norte, mas isso não é o que acontece na maioria dos países”, disse.
O escritor foi além ao afirmar que, “para fazer um jornal, são perdidas 40 páginas com publicidade”. “Os jornais são obrigados a conseguir muitas notícias para sobreviver e não estão dispostos a abandonar a batalha. Hoje há uma censura por excesso de informação”, acrescentou.