Chegar a Copenhague não é tarefa fácil. Os nomes das ruas, das estações, são todos em uma língua quase impronunciável e indecifrável. Mas, se você falar inglês, o mundo por aqui abre suas portas. Todos os dinamarqueses falam muito bem inglês, desde o policial até o cara da barraquinha do cachorro quente. E foi assim – perguntando para as pessoas como fazer a cada estação de metrô que eu errava – que eu cheguei ao Bella Center (local onde são realizadas as reuniões) para fazer meu cadastro como ONG observadora da Conferência.

Tínhamos, todos, sido avisados que o cadastramento estaria realmente confuso. Eu só não esperava encontrar uma fila assim tão gigantesca quando chegasse. Então fiz o que todos faziam: fui confirmar se aquela era realmente a fila de ONGs – e, para a minha não-surpresa, e ao mesmo tempo, para o meu desespero, era.

Entrei na fila. Tempo previsto para a fila: não tinha tempo previsto, na verdade, tamanha a confusão. Logo comecei a conversar com pessoas: uma mexicana e o uma queniana, depois um monte de gente de outros cantos do mundo se juntou ao nosso grupo. Protestos – dos tibetanos vegetarianos, do Greenpeace, de pessoas de publicações underground duvidosas que divulgavam suas teorias da conspiração – todos lá, ajudando a fazer mais barulho ainda naquela fila que já parecia mais do que gigantesca.

Três horas e meia, dedos dos pés e das mãos doendo de frio, lábios secos e doloridos, dia quase anoitecendo (aqui anoitece três e meia, quatro da tarde), finalmente entramos. Passamos pela segurança do evento – está pior do que segurança de aeroporto. E encaramos mais duas filas para obter o crachá com foto. Mas aí tudo já valia a pena de novo, estávamos ao lado de uma placa enorme da Conferência. E eu saí sorrindo de felicidade apesar de todo o sufoco. Pronta para entrar em um novo mundo de 17 mil pessoas discutindo e lutando pela vida nas gerações futuras desse planeta.


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Uma aventura pela burocracia da COP-15 em Copenhague