Em pouco mais de sete meses, o dólar teve uma queda de mais de 21% em relação ao real. No começo do ano, a moeda norte-americana era cotada a R$ 2,33, mas fechou a sexta-feira passada (7) valendo R$ 1,82. Essa queda vertiginosa já causa uma preocupação interna, principalmente para os setores que dependem das exportações.
Se descontada a inflação registrada no período, a desvalorização do dólar é ainda maior. Segundo os cálculos do economista-chefe da multinacional alemã Siemens, Antonio Corrêa de Lacerda, que também é professor do Departamento de Economia da PUC-SP, o cambio real está no menor nível desde 1998.
Ele explica que, na prática, a cotação atual de R$ 1,82 é mais prejudicial para as empresas brasileiras do que era a taxa de R$ 1,56 registrada em julho de 2008, pouco antes do aprofundamento da crise. “Nossa moeda está menos competitiva até mesmo se a gente fizer uma comparação com o período anterior à maxidesvalorização cambial de 1999”, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Para o desespero dos que dependem de um câmbio mais competitivo, não existe a expectativa de reversão deste quadro. A aposta de Lacerda é justamente o contrário. Ele aposta que o dólar deva encerrar 2009 com mais chances de ser cotado próximo a R$ 1,70 do que a R$ 1,90. O motivo principal para esse movimento é a intensa entrada de capital estrangeiro no país.
Um exemplo claro da participação dos estrangeiros neste resultado é o saldo positivo do capital externo na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que até o dia 4 de agosto era de R$ 13 bilhões. Já no setor produtivo, essa cifra até maio era de US$ 11,2 bilhões. Tudo isso se deve ao fato da economia brasileira diante de países desenvolvidos.
Apesar de toda a confiança do investidor estrangeiro, quem não está gostando dessa nova realidade é o produtor industrial interno, principalmente as que trabalham com produtos manufaturados. Eles já defendem que o governo tome medidas para o controle do nível do capital especulativo como forma de manter o câmbio equilibrado.