Com o sancionamento da lei anti-fumo o governador José Serra  fechou o cerco para os fumantes do estado de São Paulo. Só está permitido fumar na rua, em casa ou em tabacarias.

A medida polêmica não deixa brechas para as tais áreas de fumantes e só mesmo nas lojas especializadas em fumo é que o território está livre. Afinal, para o tanto de pessoas que fumam, há tabacarias o suficiente?
Beto Ranieri cuida há mais de vinte anos da tabacaria que leva seu sobrenome. Como não há uma associação de lojas deste tipo, ele estima que há cerca de 50 em São Paulo. “Grande parte abriu nos anos 90, quando houve uma moda de fumar charuto”, hoje está mais estabilizado.
Como a maioria das tabacarias, a Ranieri está no bairro dos Jardins, na capital. Os shopping centers também concentram grande número de lojas, em torno de 20.

Para frequentar uma tabacaria não é preciso pagar entrada nem gostar de fumar charutos. Também não é um lugar só de homens velhos. Fabio Martins, gerente há 6 anos da Tabacaria Roma nota, inclusive, que cresceu a clientela de 19 a 25 anos e que 20% de seu público é de mulheres. “Aqui funcionamos todos os dias da semana até às 22 horas, com 8 funcionários e o movimento é constante”.

Além de venderem charutos, cachimbos, isqueiros e cinzeiros, as tabacarias trabalham com as grandes marcas de cigarros comuns, por isso o grande fluxo de gente que só deseja fumar mesmo. Já as de shopping são mais procuradas como lojas de presentes.

Na Roma, os clientes são recebido quase como num bar, daqueles com “clube do whisky”. Há uma área reservada chamada “umidor” que tem a temperatura e umidade controlada para armazenar charutos e tudo o mais. Beto explica: “No papel que se enrola o charuto há um vermezinho que fora da temperatura se desenvolve e come o fumo, como uma praga. Isso é chamado lasioderme”.

Os novos clientes das tabacarias vão encontrar um novo mundo de compras. Por exemplo, há quem prefira ter esses “umidores” em casa. O aparelho doméstico, feito de cedro, custa entre 230 e 900 reais. Não é praxe uma tabacaria guardar os charutos dos clientes. Na Ranieri, por exemplo, esse não é o hábito de Beto: “Comparo mais ou menos com um vinho, o gostoso é ter em casa, ir na adega, procurar. Se tem aqui, a pessoa é obrigada a fumar aqui, não precisa”.

Na tabacaria Roma, Fabio recebe os outros clientes que não se importam de sair de casa. Guarda os charutos alheios em caixas onde cabem mais de cem, acomodadas numa estante que parecem de biblioteca. “Alguns estão aqui há mais de um ano. Se bem conservados, não tem validade”. Entre os oferecidos há importados de Cuba por até 129 reais. Para ter uma ideia, um “top” nacional sai por 29 reais.

Para todos os bolsos e gostos, as tabacaris estão de braços abertos aos fumantes sem teto.


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Tabacarias estão a postos para nova lei anti-fumo

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