O cabo do Exército britânico Joe Glenton se negou a voltar ao Afeganistão, por considerar que a guerra que o Reino Unido trava nesse país “não é uma causa justa” e só responde, para ele, “aos interesses dos Estados Unidos”.
Ele é o primeiro membro das Forças Armadas britânicas a se posicionar abertamente contra a intervenção militar do Reino Unido no Afeganistão, a pedir a volta de seus companheiros para casa e a se negar a voltar ao país asiático, em uma decisão que o levará perante um tribunal militar no domingo.
O gesto do militar se transformou em emblema dos movimentos civis que formam a coalizão pacifista Stop the War, que consideram que a decisão de Glenton mostra o descontentamento dos britânicos com um conflito que já deixou 191 mortos, o maior número desde a Guerra das Malvinas.
O soldado entregou hoje no número 10 de Downing Street uma carta para o primeiro-ministro, Gordon Brown, na qual explica suas razões para não voltar ao Afeganistão como membro da Royal Logistic Corps e na qual adverte que “a força do povo afegão” impedirá que a coalizão internacional consiga seus propósitos.
Glenton assegurou que a única coisa que as forças militares britânicas estão fazendo na província de Helmand, no sul, e os talibãs em seus recentes confrontos é “se desgastar uns aos outros” sem que mude a situação de maneira significativa.
Para ele, após mais de sete anos desde o início da intervenção militar internacional no Afeganistão, a presença em solo afegão de quase nove mil soldados britânicos “se transformou em parte do problema, mais que em uma possível solução”.
“Não acho que nossa causa seja justa. Penso que está afetando de maneira adversa o povo afegão, assim como o Exército britânico e as famílias dos soldados”, disse Glenton aos jornalistas após entregar pessoalmente sua carta em Downing Street.