O diretor da área de energia do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, Carlos Augusto Kirchner, disse estar surpreso com a falta de energia ocorrida nesta terça-feira (10) no Brasil e no Paraguai. Segundo ele, o sistema energético brasileiro é complexo, mas tem recebido investimentos para torná-lo mais robusto e menos sujeito a esse tipo de contingência. É surpreendente pelo fato de ter tomado uma dimensão tão grande pelo número de locais atingidos e pelo tempo de demora da recomposição do sistema.
Kirchner afirmou que blecautes continuarão acontecendo, mas que espera que não tomem a proporção observada ontem e que os mecanismos de proteção do sistema façam um ilhamento do sistema de transmissão, para que a falta de energia fique circunscrita apenas a uma região. Temos que ter certa cautela agora para investigar as causas, porque o sistema não conseguiu enfrentar um problema para o qual ele estava preparado, e o motivo da demora para recompor o sistema. Não se sabe o que aconteceu, sabe-se que foi uma coisa completamente nova, inusitada.
O engenheiro ressaltou que o país está em uma situação favorável, com seus reservatórios hídricos cheios, sem necessidade de ligar as usinas termoelétricas que permanecem desligadas, não ultrapassa um período de racionamento de energia e tem o sistema de transmissão robusto, com mais linhas interligadas e mais proteções ao sistema, motivo pelo qual o blecaute é ainda mais surpreendente. Estamos em uma situação oposta a que seria em um período de racionamento. Com relação aos reservatórios estamos em uma situação que nunca estivemos.
Kirchner disse ainda que não se pode atribuir a falta de energia a gargalos do sistema já que todas as obras de infraestrutura e expansão de transmissão necessárias e previstas têm sido feitas, diferente da situação ocorrida em 1999, quando ocorreu um blecaute semelhante por causa de problemas na subestação de Bauru. A época era de transição de modelo de transmissão anterior para o atual. Nesse período as coisas não estavam engrenadas e haviam obras planejadas para serem feitas que estavam atrasadas. Isso não ocorre mais.