Dois incidentes com Airbus 330 da companhia australiana Qantas em 2008 podem ajudar a explicar a queda do avião da Air France, desaparecido no Atlântico desde a noite de domingo (31).
Nos casos da Qantas, um instrumento chamado Adiru (sigla inglesa para Unidade de Dados Aéreos de Referência Inercial) “enlouqueceu” e passou a informar dados incorretos para o computador principal sobre a velocidade, ângulo de voo e altitude.
O primeiro incidente ocorreu em 7 de outubro num voo entre Perth e Cingapura. A pane no computador desligou o piloto automático, jogou o avião para cima (por entender que a aeronave descia rapidamente) e depois para baixo (por entender que o ângulo de subida estava muito intenso e poderia levar o avião a perder sustentação).
O segundo problema aconteceu na mesma rota, no dia 27 de dezembro. Neste caso, o painel indicou falha e o piloto automático foi desligado, mas os pilotos tiveram tempo de corrigir o problema.
Segundo a Administração Federal de Aviação (FAA, singla em inglês), o problema ocorre quando há uma falha do sistema que mede a altitude (chamado de IR) e acaba por “enlouquecer” um subsistema do Adiru. Segundo a FAA, a solução é desligar o IR e o ADR-1 (o subsistema do Adiru). Mas, para isso, o piloto precisa notar a falha no IR, que é indicada num pequeno sinal luminoso que se desliga.
De acordo com um porta-voz da Airbus, dezenas de mensagens automáticas indicando falhas diversas foram enviadas a partir do Airbus da Air France no último domingo, às 23h10. Até às 24h14, horário da última mensagem, informações como desligamento do piloto automático, perda do sistema Adiru e velocidade vertical (ou seja, queda) foram emitidas.
Apesar das informações da Airbus, a Air France não confirmou o teor das mensagens.