Em testamento, o deputado Clodovil Hernandes pediu que seus bens sejam transferidos para uma entidade beneficente. Mas, segundo Maria Hebe Pereira de Queiroz, advogada do parlamentar que morreu na última terça-feira (17/03), Clodovil não tinha nenhum bem e passava por dificuldades financeiras.
Recentemente, do salário de R$ 16,5 mil, recebia apenas R$ 7 mil líquidos por conta de pagamento de empréstimo consignado em folha de pagamento. Em Brasília, o deputado vivia em um apartamento funcional e, quando ia a São Paulo, ficava em casa de amigos. Ele também tinha permissão federal para utilizar uma casa em área de preservação ambiental em Ubatuba, no litoral paulista.
As problemas financeiros teriam começado em 2004. Segundo a advogada, apesar de ganhar bem, Clodovil sempre gastou muito e de forma descontrolada. “Antes, ele ganhava muito bem, era bem pago, mas sempre teve vida de gasto. Nunca teve problemas financeiros, mas de uns anos para cá vinha com dificuldades muito sérias. Durante a eleição, um dia ele não tinha dinheiro para comer. Ele não tinha nada. Tinha amigas, que tinham carinho muito grande por ele”, disse Maria Hebe ao G1.
Ela disse ainda que Clodovil perdeu recentemente um apartamento em São Paulo por conta de dívidas de condomínio e impostos. Além de perder o imóvel, ele precisou financiar o restante dos débitos.”Ele estava totalmente sem dinheiro. Dívidas de IPTU, fizemos acordo e ele pagou a última parcela há pouco tempo. Ele cumpriu direitinho, pagou tudo.”
Casa Clô
Em área de preservação ambiental, a casa localizada em Ubatuba não pode ser vendida. A advogada disse estudar uma forma de fazer a casa dar rendimentos para um projeto de caridade de Clodovil. Este tinha o desejo de construir a Casa Clô, uma entidade para abrigar meninas órfãs e ensiná-las regras de etiqueta. Ela também avalia a possibilidade de abrir a casa ao público e cobrar pela entrada. “É uma casa diferente, bonita, tem um quarto pink”, disse Maria Hebe.