Quem sai de casa sexta-feira ou sábado à noite normalmente tem sua balada favorita – e, é claro, espera ouvir lá certo tipo de som. Nessa hora, porém, os responsáveis pela música são os DJs, que costumam planejar o que vão tocar antes mesmo de assumir o controle das picapes. Somando-se uma coisa à outra, o resultado é inevitável: ao longo da noite, o disk-jóquei ouve inúmeros pedidos do público para tocar aquela música tão especial. Se aceitam a sugestão ou não, é outra história…

Dago Donato
, residente e um dos donos do Neu Club, casa especializada em rock indie e música eletrônica de São Paulo, afirma que algumas bandas são imbatíveis na memória do público. “A galera sempre pede bandas como The Killers, Bloc Party e The Strokes. Mas nunca toco nada disso”, afirma ele, que diz só tocar o que o público pede quando bate com seu gosto pessoal. “Agora, obviamente, Michael Jackson é muito pedido, mas eu sempre toquei músicas dele”, completa.

Residente da casa D-Edge, o ex-Planet Hemp Zegon, que viaja pelo mundo com seu projeto N.A.S.A e toca em diversas festas de hip hop no Brasil, é outro que não se pauta pelos pedidos do público. “Não faço esse tipo do DJ, principalmente porque mixo muito rápido e não deixo nenhuma música tocando por muito tempo”, conta. Segundo ele, não tem jeito: os antigos clássicos são os sons que seguram qualquer festa. “Músicas conhecidas dos anos 70, 80 e suas versões remixadas”, explica.

Um dos principais nomes do hip hop nacional, o DJ Hum diz que recebe os mais variados pedidos nos lugares onde toca. Segundo ele, “na cena nacional, o que mais pedem é samba-rock, Clube do Balanço e Funk Como Le Gusta. Entre os gringos, estão pedindo muito Kanye West, Alicia Keys, Timbaland, Lil Wayne e Jurassic 5”.

Fabrício Miranda
, da Funhouse, afirma que o que agita mesmo as pistas, principalmente na festa Funhell, são as novidades. “Lady Gaga, Metronomy e Copacabana Club são muito pedidas por esse público, que é antenado e gosta de saber das novas tendências”, conta ele.

O DJ de rock alternativo Alexandre Bezzi confirma esse gosto pelo novo, mas acha que as músicas mais pedidas ainda trazem algo do passado. “Na festa quinzenal que faço no Drops Bar, a Sexta Esquenta, o povo costuma pedir muitas novidades, como Ting Tings, Ladyhawke e Empire of the Sun, que são artistas atuais com ar retrô”, afirma.

Edu Corelli, veterano da cena eletrônica, é outro que acha que a principal tendência atual é unir o antigo e o novo. “Essa ‘new generation rave’, que é o pessoal entre 18 e 21 anos, curte de MGMT a Lady Gaga. Acho que outros artistas, como The Killers e Franz Ferdinand, conseguem unir gerações e são bem atuais”, diz.


As favoritas dos DJs

Se os frequentadores fazem pedidos dos mais variados – alguns deles, bem distantes do tipo de música que toca na casa noturna em que se encontra –, os DJs também têm de ser bastante ecléticos para adaptar seu setlist a diferentes baladas e tipos de público. Afinal, a intenção é fazer dançar!

“Toco de tudo, embora não seja exatamente o que o público pede. Adoro tocar sons eletrônicos mais ‘terceiro-mundistas’, como kuduro, cumbia digital, baltimore club, Passion Pit, M.I.A, Santigold, Vampire Weekend, Dan Deacon, e Brothersport, do Animal Collective, que é uma música na qual rola loucura generalizada no Neu”, afirma Donato. A preferência por coisas mais obscuras é compartilhada por Alexandre Bezzi. “Não podem sair do meu setlist um produtor francês chamado Anoraak e um grupo de garotas chamado Fan Death”, diz.

O DJ Pedro Lattari, por sua vez, gosta mesmo é dos clássicos do pop dos anos 70 e 80 e do rock alternativo. “Adoro tocar Duran Duran, Suede, B-52’s, Blondie, Sonic Youth, Radiohead, Blur e Devo”, afirma. Zegon é mais um que segue a linha retrô e não dispensa sons de Michael Jackson, Jackson 5, Metallica, AC/DC, Public Enemy e James Brown.

Entre ser alternativo e mainstream, Edu Corelli prefere misturar de tudo um pouco. “Adoro tocar Wrong, do Depeche Mode, com remix do Frankie Knucles, Tonight’s Today, de Jack Penate, Paris, do Friendly Fires, e Golden Cage, do Whitest Boys Alive”, conta.

Não toco nem amarrado!

Há DJs que não admitem e outros que aceitam pedidos, mas todos são unânimes em uma coisa: tem músicas e artistas que, mesmo se o público implorar de joelhos, não tocam de jeito nenhum! Nas carrapetas de Zegon, por exemplo, funk carioca comercial não passa nem perto. “Nada contra, mas já vieram me pedir MC Créu, por exemplo. Não rola”, diz.

DJ Hum também não toca funk, mas não porque odeia o estilo – segundo ele, é uma questão de se manter fiel ao próprio som. “Funk carioca e psytrance, por exemplo, não têm a ver com o meu trabalho. Para cada estilo, existem DJs específicos”, afirma ele. Já Corelli se recusa a tocar Britney Spears, decisão compartilhada por Lattari. “Nada contra, mas Madonna e Britney Spears, de jeito nenhum!”, afirma.

Bezzi se recusa a colocar Lady Gaga em seu set, enquanto Donato não toca nada que saia de seu setlist normal e não goste. “Meu setlist tem ritmos mais desconhecidos. Por sorte, coisas como Animal Collective e Passion Pit, que são muito pedidos, eu gosto. Aí, tudo bem. Mas bandas como Killers e Bloc Party, sem chance”, reforça.

Para Fabrício, não existem faixas proibidas, mas tudo depende do clima da festa. “Se a música se encaixa no estilo da balada, não vejo porque não tocá-la. E é por isso não discoteco em festas sertanejas…”, finaliza.


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Saiba as músicas mais pedidas aos DJs nas baladas de São Paulo