O cineasta franco-polonês Roman Polanski, detido desde sábado em Zurique, abriu um processo contra sua prisão, ordenada pelo Ministério da Justiça e que tem como fim sua extradição para os Estados Unidos.

Um tribunal da localidade suíça de Bellinzone confirmou hoje ter recebido o recurso. Uma decisão a respeito deve ser anunciada nas próximas semanas.

Polanski foi detido ao chegar a Zurique, onde receberia um prêmio do Festival de Cinema da cidade. A prisão do cineasta foi efetuada com base numa ordem emitida pela Justiça americana, que o julgou por fazer sexo com uma menor em 1977.

As autoridades suíças disseram que não vão dar mais nenhuma outra informação sobre o recurso apresentado.

Por sua vez, o advogado francês do diretor, Hervé Temime, disse ontem que pediria o relaxamento da prisão de Polanski, ainda que mediante o pagamento de fiança ou outras condições.

Tentativas de extradição

As autoridades de Los Angeles mostraram na segunda (28) seu histórico de tentativas para conseguir extraditar aos EUA durante os últimos 30 anos ao cineasta Roman Polanski, informou o Escritório do promotor do distrito em comunicado.

Polanski está foragido da Justiça americana desde fevereiro de 1978 quando fugiu para a França num momento em que estava em liberdade sob fiança.

A partir de então, “o Escritório do promotor do distrito continuou revisando o status da ordem de detenção nos EUA e com a Interpol para assegurar-se que estava ativa”, assinalou hoje a promotoria, que detalhou as tentativas de capturar ao diretor promovidos por este departamento desde sua fuga.

Em 3 de maio de 1978, um mês depois que se abrisse o processo para a extradição, se preparou uma ordem de detenção provisória “quando se soube que Polanski podia estar na Inglaterra. Se enviou um pacote oficial de extradição dia 12 de maio”, cita a promotoria.

Em dezembro de 1986 as autoridades se puseram em contato com a Polícia montada do Canadá após receber informações que Polanski poderia viajar ao país e em maio de 1988 se verificou que a ordem de detenção internacional seguia vigente após saber que o cineasta planejava ir à Alemanha, Dinamarca, Suécia e Brasil.

Em junho de 1994 fez-se chegar às autoridades francesas uma solicitação para que se procedesse à detenção de Polanski.

As tentativas por apanhar ao ganhador de um Oscar pela direção de “O Pianista” (2002) seguiram e em outubro de 2005 a promotoria de Los Angeles teve conhecimento que Polanski viajaria para Tailândia pelo que se voltou a enviar a ordem de detenção através da Interpol.

“Polanski apareceu na Tailândia, mas não foi detido”, afirmou o Escritório do promotor de Los Angeles.

O cineasta voltou a esquivar à Justiça americana em julho de 2007, quando um atraso burocrático impediu que a detenção de Polanski acontecesse.

Finalmente, o Escritório do promotor foi informado de que estava programado que o diretor “aparecesse no festival de cinema de Zurique, Suíça. Se preparou uma solicitação de ordem de detenção para o Escritório de Assuntos Internacionais do departamento de Justiça dos EUA”.

Esse pedido “foi executado pelas autoridades suíças dia 27 de setembro de 2009”.

A promotoria de Los Angeles confirmou que durante estas décadas “se receberam outros relatórios de possíveis viagens de Polanski, mas não realizaram ações porque a viagem não aconteceu”.

Polanski foi detido em Los Angeles em março de 1977 acusado de drogar e ter relações sexuais com uma jovem modelo de 13 anos na residência de Jack Nicholson, protagonista de Chinatown, filme que tinha dirigido Polanski três anos antes.

O diretor admitiu haver mantido relações sexuais com Samantha Gaimer quando a jovem tinha 13 anos.

Polanski está em uma prisão suíça e seus representantes asseguraram que tem intenção de lutar legalmente para impedir a extradição aos EUA.


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Roman Polanski recorre de detenção em Zurique; conheça histórico das tentativas de extradição