O projeto do Rio de Janeiro para os Jogos de 2016 poderá sofrer algumas alterações, afirmou hoje o prefeito Eduardo Paes, durante a cerimônia de inauguração do seminário “A Olimpíada e a Cidade: Conexão Rio-Barcelona”.
“Os ajustes são possíveis e espero que contem com o apoio do Comitê Olímpico Internacional (COI)”, disse o prefeito. “Assumimos um compromisso com o COI e o cumpriremos, mas temos que pensar em Jogos Olímpicos que beneficiem a cidade”, acrescentou Paes perante um auditório composto por autoridades do Rio de Janeiro e de Barcelona, arquitetos, engenheiros e empresários que serão responsáveis pelas obras para o evento esportivo.
O prefeito explicou que os Jogos devem servir também para revitalizar o porto e o centro do Rio, áreas atualmente degradadas e que não serão palco de competições.
Paes citou como exemplo Barcelona, que conseguiu revitalizar seu porto e o centro histórico com um projeto para os Jogos Olímpicos de 1992, que transformou totalmente a cidade espanhola.
“Estamos discutindo possíveis modificações, mas por enquanto não há nada de concreto”, disse o prefeito ao ser questionado pela Agência Efe sobre as revisões que pretende apresentar ao COI.
Paes afirmou que espera apresentar uma proposta concreta em maio, e acrescentou que sua preferência é por um projeto que leve em conta a revitalização da zona portuária.
O projeto de candidatura aprovado pelo COI e com o qual o Rio de Janeiro venceu a disputa com Madri, Tóquio e Chicago para sediar os Jogos de 2016 concentra a maior parte das competições na Barra da Tijuca.
Paes assegurou que, quando o projeto de candidatura for apresentado, era difícil pensar no porto como alternativa. Segundo ele, naquela época não havia planos para revitalizar a zona portuária com centros culturais e novas infraestruturas, e que o COI teria rejeitado qualquer iniciativa prevista para essa região.
“Antes era impensável, mas hoje é possível apresentar a zona portuária como alternativa. Respeitaremos os contratos e os compromissos assumidos, mas temos que refletir sobre o que vamos fazer para que os Jogos beneficiem toda a cidade e recuperem áreas degradadas”, disse o prefeito.
Tal possibilidade foi apoiada pelo ex-prefeito de Barcelona Pasqual Maragall, que ocupou o cargo durante os Jogos Olímpicos de 1992 e vai assessorar o planejamento da edição de 2016.
“O COI estabelece as regras, mas cada cidade, respeitando os compromissos, tem que aproveitar o evento para promover a melhor transformação possível”, disse Maragall.
“Para aproveitar a oportunidade, temos que seguir as experiências bem-sucedidas. Barcelona se revalorizou. O projeto de Rio necessita de reajustes porque os investimentos privilegiam áreas ricas que já estão crescendo”, disse Sergio Magalhães, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil e um dos organizadores do seminário.