Um dos efeitos que a valorização do real ante ao dólar causa e é perda de competitividade de alguns setores, principalmente quando a produção é voltada para o exterior. E é justamente isso que acontece com a fabricante de tratores Caterpillar, que já decidiu transferir parte de sua linha de produção da unidade brasileira para os Estados Unidos.
No Brasil, as fábricas da Caterpillar tinham um importante papel estratégico para as exportações. “Alguns produtos não vale mais a pena produzir aqui e sim nos EUA. Com isso, perdemos algumas linhas e isso deve piorar quando a economia americana se recuperar”, disse o presidente da Caterpillar Brasil, Luiz Carlos Calil, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
O executivo explicou que o dólar no patamar de R$ 1,70 não dá vantagem de redução de custos entre a produção no Brasil e nos EUA, já que lá a vantagem logística supera a diferença de custos. Para Calili, o câmbio ideal seria acima de R$ 2,00.
A Caterpillar se instalou no Brasil em 1954, em Piracicaba (SP). O objetivo inicial da fabricante era atender o mercado local. Com o tempo, a empresa passou vender para a América Latina e, posteriormente, suprir o fornecimento do mercado americano.
No período pré-crise, mais da metade da produção da empresa no Brasil era para a exportação. Durante o ano passado, os embarques caíram 53%. Para este ano, a previsão é que as vendas externas aumentem entre 25% e 30%, mas o executivo diz que dificilmente o espaço perdido será recuperado.
Calil explicou também que o câmbio em 2008 também não era vantajoso, mas a demanda forte em todo o mundo por tratores e máquinas agrícolas colaborou para os bons resultados.