O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, lançam hoje (9) em Marabá o Programa Boi Guardião, que promete conter o avanço do desmatamento causado pela pecuária na Amazônia. O projeto piloto abrangerá cerca de 19 mil propriedades rurais de seis municípios paraenses: Marabá, Eldorado dos Carajás, Água Azul do Norte, Ourilândia do Norte, Tucumã e São Félix do Xingu.
Essas fazendas, que de acordo com o Ministério da Agricultura abrigam rebanho de quase 4 milhões de cabeças de gado, foram georreferenciadas, ou seja, tiveram suas coordenadas obtidas por meio de GPS (Global Positioning System), receberão Guias de Trânsito Animal (GTA) Eletrônica e serão monitoradas.
Para garantir a eficiência do programa, o governo federal vai cruzar, eletronicamente, os dados de georreferenciamento das fazendas com os de desmatamento na Amazônia. Se uma dessas propriedades estiver derrubando árvores ilegalmente, será identificada. A ideia é que o pecuarista que respeitar o programa terá mais credibilidade e mais mercados para a carne que produz.
Uma equipe dentro do Inmet [o Instituto Nacional de Meteorologia], com gente da Embrapa [a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], tira e analisa a primeira fotografia agora. Em julho, tira outra que é capaz de detectar desmatamento a partir de 1 hectare, disse o ministro. Segundo ele, a meta dos governos federal e estadual é que o Programa Boi Guardião cubra todo o estado do Pará até o fim de 2010. O leste e o sul do estado foram escolhidos para o início do projeto por serem as regiões mais críticas em relação ao avanço do desmatamento para a criação de gado.
Stephanes disse ainda que, além do Pará, até o fim de 2011 será possível cobrir os estados de Rondônia e de Mato Grosso, usando a mesma metodologia aplicada nas propriedades rurais paraenses. A partir de julho do próximo ano, começamos a trabalhar o Mato Grosso e Rondônia, de tal forma que daqui a dois anos se tenha toda essa área coberta com o programa, afirmou.
Segundo a governadora Ana Júlia Carepa, apesar de o projeto piloto lançado hoje começar com 19 mil fazendas, o estado já tem mais de 50 mil propriedades rurais georreferenciadas, e pretende chegar a 80 mil até o fim do ano.
Além dos governos federal e estadual, o programa tem outros parceiros, como a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os frigoríficos Bertin e JBS-Friboi, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará, o Inmet e a Embrapa.
A ideia do programa ganhou força depois que, em junho deste ano, três grandes redes de supermercados – Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart – decidiram suspender a compra de carne de 11 frigoríficos localizados em áreas apontadas pelo Ministério Público Federal (MPF) no estado como de desmatamento.