Diz-se por aí que futebol e política são assuntos que não se discutem. Quando os dois setores estão envolvidos diretamente, nem se fala. Curioso é que, há algum tempo, homens de cargos políticos estendem seus domínios aos clubes. Neste último domingo (17), com o resultado das eleições presidenciais no Chile, a relação ficou ainda mais em evidência.
Sebastián Piñera é – antes de novo presidente do país – dono do Colo Colo, um dos mais tradicionais clubes chilenos. O mandatário também possui uma companhia aérea e um canal de televisão. Segundo suas promessas, serão repassados a outros gestores. E o futebol? “Se a lei permitir, quero continuar sendo acionário e diretor do Colo Colo”, afirmou Piñera em seu discurso após o pleito.
Outros dois casos conhecidos de políticos que comandam times de futebol estão na Itália e Argentina. No Milan, os jogadores devem pensar umas cinquenta vezes antes de fugirem de uma concentração, porque o dono do clube é ninguém menos que o primeiro-ministro do país, o polêmico Silvio Berlusconi. Ele é apaixonado pela equipe rossonera e vive dando palpites nos rumos do time, até no que se refere a contratação de jogadores e escalação de titulares.
No Boca, há uma situação inusitada. Mauricio Macri foi presidente do clube por 12 anos (1995-2007). Em 2007, optou pela carreira política e elegeu-se chefe de governo da capital Buenos Aires. Contudo, após sua saída, eleições fraudulentas dentro do clube fizeram com que a Justiça argentina determinasse a volta do comando anterior até a realização de novo pleito, com Macri reassumindo a equipe em conjunto com seu cargo de prefeito da cidade por quase cinco meses.
Casos brasileiros
Eleito Presidente da República em 1989, Fernando Collor de Mello também havia participado de uma gestão de clube de futebol antes da experiência maior de sua carreira política: no CSA, de Alagoas, em 1982. Collor contratou ninguém menos do que Luiz Felipe Scolari para a primeira experiência do gaúcho como treinador – diga-se de passagem, de sorte, pois ele faturou o título estadual.
Luis Estevão, que foi eleito senador pelo Distrito Federal, em 1998, é outro político dono de clube brasileiro. O Brasiliense, finalista da Copa do Brasil de 2002, gerou muita suspeita nos torcedores que desdenhavam da campanha da equipe do Planalto Central naquela edição da competição. Em sua carreira política, o presidente do clube não tinha um bom histórico: havia sido cassado em 2000 e acusado de desvio de verbas pública, dois meses antes de fundar o Jacaré.
E, há quem diga, que o político brasileiro mais em evidência no momento, o presidente Luis Inácio Lula da Silva, corintiano assumido, deseja um dia assumir o time do Parque São Jorge. Seja verdade ou não, o fato é que Lula é conselheiro do clube desde 2003. Pelo estatuto alvinegro, já poderia candidatar-se em uma próxima eleição.