O presidente de Honduras deposto, Manuel Zelaya, deu hoje como “esgotado” o diálogo para resolver a crise no país. Ele anunciou o início de uma “insurreição” e pediu à comunidade internacional para “endurecer as medidas” contra o Governo de Roberto Micheletti.
A União Europeia declarou nesta segunda (20) a supensão do auxílio financeiro a Honduras devido à crise causada pela deposição de Zelaya. A CNN divulgou que a ajuda totalizava o equivalente a R$ 177 milhões.
Em entrevista coletiva concedida na Embaixada de Honduras em Manágua, na qual esteve acompanhado de seus delegados no diálogo na Costa Rica, Zelaya anunciou a organização de uma “frente interna” no país para “derrubar” os golpistas.
Ele afirmou que o artigo 3 da Constituição hondurenha estabelece o direito à insurreição.
“Vou estar em Honduras e vou seguir fazendo tudo o que tiver que fazer (…) até que este grupo usurpador do poder tenha que se submeter às ordens que deu a comunidade internacional que é vinculativo a Honduras”, enfatizou.
Zelaya deu como “esgotado” o diálogo por causa do que considerou a “soberba” e “desrespeito” da delegação de Micheletti, que não aceitou uma proposta feita pelo presidente costarriquenho, Óscar Arias, mediador do conflito.
“Hoje os golpistas ignoraram mais uma vez a comunidade internacional, Óscar Arias e a própria secretária dos Estados Unidos, Hillary Clinton, promotora e patrocinadora” do diálogo, disse.
Zelaya considerou que a comunidade internacional está à prova, porque os golpistas “estão desafiando o mundo inteiro”.
Ele pediu à comunidade internacional para “endurecer as medidas” contra o Governo de Micheletti “com mais forças”.
“Se os Estados Unidos e outros países atuassem com mais forças, com mais dedicação, já do ponto de vista das atividades dos autores do golpe, este golpe não demoraria mais que poucas horas”, disse o governante deposto.
“Eles têm um contato muito direto e acho que aplicar um torniquete nessa situação poderia resolver o que é o elo mais forte do golpe, porque estão mantendo esse golpe com repressão, com as armas, não com a vontade popular”, disse Zelaya, que reafirmou que não renunciará ao cargo.