A confusão e os atos de vandalismo proporcionados por parte da torcida do Coritiba no último final de semana, em partida válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, que culminou no rebaixamento do clube para a Série B de 2010, fizeram com que a discussão sobre a violência no futebol voltasse à tona.

Após entrevistar o Cel. Marco Marinho (clique aqui e confira na integra), Presidente da Comissão Estadual de Arbitragem do Estado de São Paulo e membro efetivo da Comissão Nacional de Prevenção da Violência para a Segurança dos Espetáculos Esportivos, o VirgulaEsporte conversa com Miguel Dagnino, presidente de honra da torcida organizada Camisa 12, do Internacional de Porto Alegre.

Além de comentar sobre o caso do Couto Pereira, Dagnino fala sobre a relação entre as organizadas e a Polícia Militar, e critica veemente o Ministério Público e suas ações envolvendo o esporte.

Quais os motivos que levaram o aumento da violência no futebol nos últimos anos?

Está aumentando porque tentam elitizar o futebol. Um cara para R$200 para assistir um jogo no camarote, enquanto existem outros que não têm dinheiro nem para entrar no estádio. Daí, quando consegue, entra todo revoltado e precisa descontar em quem tem. Hoje em dia a polícia não faz um trabalho correto. Eles usam o mesmo tratamento dentro e fora dos estádios, e nem todo mundo é marginal ou bandido. Aqui no Sul as brigas, geralmente, acontecem entre torcidas e policiais, tudo porque eles reprimem o animo dos mais alterados descontando em todos os tipos de torcedores.

Pensa em um cidadão que paga R$5 para chegar de ônibus até o estádio. Em seguida ele gasta mais seis com uma cerveja misturada com água. Assim ele entra revoltado no estádio. E ele, diferente do jornalista ou do policial do bairro, tenta aparecer da forma que ele acha conveniente, brigando e passando por valentão, só pra ficar popular e conhecido.

Por que você acha que toda vez que estes casos de violência ganham repercussão nacional, a culpa sempre volta para as torcidas organizadas?

Temos todo um trabalho com a policia do sul pra evitar a violência. Os caras (torcedores) já sabiam que toda aquela confusão aconteceria em Coritiba, e eles avisaram a PM. A gente (organizada) avisa, alerta e tenta punir o pessoal da torcida que só pensa em brigar. Mas, não adianta a torcida punir e o Ministério Público não fazer nada. A torcida organizada não pode fazer o papel da polícia.

Nós queremos uma ação do Ministério Público e da polícia sim. Tivemos recentemente o caso dos torcedores que queimaram uns banheiros químicos durante um Gre-Nal e nada aconteceu. Eles (torcedores) passaram um período na delegacia e depois foram liberados. O MP só aparece quando tem confusão. Quando sugerimos algo para promover a paz entre as torcidas eles não querem.

O tratamento de boa parte da imprensa e das autoridades para com as organizadas é correto?

A imprensa aqui no sul é diferente, qualquer torcedor que se envolve em uma confusão e está com a camisa de um clube é apontado como marginal e componente de uma torcida organizada.


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Presidente de torcida organizada culpa “elite” e ministério público por violência no futebol