A presença do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na reta final da cúpula sobre a mudança climática, em Copenhague, encheu de otimismo o Governo dinamarquês, que a partir desta segunda-feira (6) sedia um conferência considerada histórica.

O anúncio da Casa Branca de que Obama estará em Copenhague em 18 de dezembro, no encerramento do encontro, foi interpretado pelos anfitriões dinamarqueses como um sinal de que os chefes de Estado e de Governo estão empenhados em conseguir um acordo político ambicioso.

O primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, disse que a mudança de planos de Obama, que inicialmente participaria da abertura da cúpula, retrata “uma dinâmica política em crescimento”.

Mais otimista ainda foi a ex-ministra de Meio Ambiente e presidente da cúpula, Connie Hedegaard, que passou os últimos dias trabalhando ativamente para abrir caminho para um acordo mundial.

“É quase impossível assinalar de forma mais clara que agora é a hora de fechar um acordo. É difícil imaginar toda esta gente indo embora de Copenhague de mãos vazias”, disse Hedegaard neste domingo.

Apesar dos esforços para vender a cúpula de Copenhague como um sucesso, Hedegaard não escondeu as dificuldades nas negociações, sobretudo as relativas à questão do financiamento dos mecanismos para a redução das emissões e da adaptação dos países em desenvolvimento a uma nova realidade.

Desde que a impossibilidade de um tratado jurídico vinculativo (cumprimento obrigatório) se tornou evidente há algumas semanas, a Dinamarca passou a defender sua proposta, apoiada pelos EUA, de tentar resolver a questão em duas etapas.

Na primeira delas, os líderes presentes em Copenhague chegariam a um acordo político em relação a todos os pontos essenciais. Em uma segunda fase, que ficaria para 2010, os países fariam a adaptação jurídica do pacto alcançado.

Nos últimos meses, Lokke Rasmussen esteve presente em todos os foros mundiais de importância, angariando apoios e assegurando a presença dos líderes mundiais em Copenhague.

No entanto, a mudança de estratégia do Governo dinamarquês lhe valeu críticas dos países em desenvolvimento e das ONGs, que acusaram a Dinamarca de rebaixar as ambições iniciais e condicionar o sucesso da conferência à presença de Obama.

Lokke Rasmussen, principal arquiteto das reformas do Governo liberal-conservador de Anders Fogh Rasmussen, teve que se “reciclar” desde que, em abril, assumiu a chefia do Governo de seu antecessor, nomeado secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Em poucos meses, ele passou do anonimato ao primeiro plano da diplomacia internacional. Mas sua credibilidade na Dinamarca foi arranhada pelo pedido do presidente do Parlamento, o também liberal Thor Pedersen, para que pusesse fim à “histeria do clima”, desacreditando indiretamente o trabalho do líder.

Embora ninguém tenha tido acesso a números concretos, organizar a cúpula de Copenhague demandou investimentos milionários. Para conseguir a verba necessária, a Dinamarca recorreu ao patrocínio de empresas privadas e estrangeiras, que, em troca, poderão estampar suas logos nos locais da conferência.

Pela primeira vez, as instalações do Bella Center, palco do encontro e que receberá 15.000 pessoas, tiveram sua superfície de 63.000 metros quadrados ampliada com a construção de mais pavilhões em uma área 14.000 metros quadrados.

Os investimentos em segurança para um país de 5,5 milhões de habitantes também foram consideráveis: além da aprovação de uma verba extraordinária de 84 milhões de euros para mobilizar 6.500 policiais, o controle na fronteira com a Alemanha foi reforçado e as punições para incidentes ficaram mais rígidas.

As autoridades também instalaram um centro de detenção nos arredores da capital, que, somado às vagas disponíveis em vários presídios, poderá acolher até mil detidos nas manifestações já convocadas.

A realização da cúpula também será acompanhada por uma ampla programação paralela, que inclui desde um fórum alternativo a uma cúpula mundial de prefeitos, além de dezenas de atividades culturais que durante 12 dias transformarão Copenhague na capital mundial do clima.


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Presença de Obama deixa otimistas organizadores da cúpula do clima