A Polícia Civil do Pará abriu inquérito para investigar o assassinato do secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Tucuruí, Raimundo Nonato. Raimundinho, como era conhecido, foi morto a tiros na última quinta-feira (16) e enterrado hoje (18) no município, no sudeste do estado, a 500 quilômetros de Belém.
De acordo com a polícia paraense, dois homens em uma moto dispararam sete vezes contra o sindicalista, atingido pelas costas. Para o delegado responsável pelo caso, Hilton Monteiro Dias, o assassinato tem características de crime encomendado.
De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), o sindicalista vinha recebendo ameaças de morte de proprietários rurais e madeireiros da região. O nome do líder sindical fazia parte da lista divulgada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) com cerca de 260 dirigentes sindicais, lideranças populares, religiosas e indígenas, ambientalistas e advogados que lutam pela reforma agrária.
Ele sempre lutou pelos direitos dos ribeirinhos atingidos pela Barragem de Tucuruí e atualmente colaborava com a implantação de projeto de manejo nos assentamentos. O sindicalista também vinha denunciando os madeireiros envolvidos na retirada ilegal de madeiras, em especial nos projetos de assentamentos, de acordo com nota de repúdio à morte do sindicalista divulgada pela Contag.
A Polícia Civil informou que o delegado-geral da corporação no estado, Raimundo Benassuly, o delegado da Divisão de Homicídios, Eduardo Roll, e o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, estão na região de Tucuruí para acompanhar o andamento do inquérito.
A Contag quer uma reunião em caráter de urgência com o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, para cobrar soluções para a violência agrária no Pará. Ontem (17), um dos episódios mais violentos do meio rural, o assassinato de 19 trabalhadores rurais sem terra em Eldorado dos Carajás, também no sudeste paraense, completou 13 anos.