O maestro argentino-israelense Daniel Barenboim incluiu o tenor espanhol Plácido Domingo na programação da Festa da Liberdade, o ato principal do 20º aniversário da queda do Muro de Berlim, lembrado hoje.
O maestro e Domingo quebraram o protocolo ao encerrarem o ato com “Berliner Luft” (“Ar de Berlim”), uma popular marcha de Paul Lincke que foi cantada pelas dezenas de milhares de pessoas protegidas por seus guarda-chuvas na Pariser Platz.
À frente da orquestra Staatskapelle e debaixo de chuva, Barenboim abriu o evento com a introdução musical da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner.
Em seguida, o maestro conduziu “Um Sobrevivente de Varsóvia”, obra composta em 1947 nos Estados Unidos por Arnold Schönberg em memória às vítimas do Holocausto.
A execução da criação de Schönberg se deve ao fato de que também se lembra hoje a Noite dos Cristais Quebrados, em 9 de novembro de 1938, quando centenas de sinagogas foram queimadas na Alemanha.
Depois, vieram a Sétima Sinfonia de Beethoven, peça que Barenboim conduziu dois dias depois da queda do muro à frente Filarmônica de Berlim, e “Es ist, als habe einer die Fenster ausgestossen” (“É como se alguém tivesse aberto as janelas), do compositor alemão oriental Friedrich Goldmann, morto em julho. Por fim, veio a participação de Plácido Domingo, que surpreendeu os presentes.
Foi a abertura musical da “Festa da Liberdade” perante a Portão de Brandeburgo, infranqueável nos 28 anos de existência do Muro e agora símbolo do Berlim reunificado.
Compareceram ao evento a chanceler alemã, Angela Merkel; os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev, e da França, Nicolas Sarkozy; o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown; e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Medvedev, Sarkozy, Brown e Hillary representam as potências aliadas vencedoras da Segunda Guerra Mundial.
Também estiveram presentes os presidentes da Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia), José Manuel Durão Barroso, e do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, assim como líderes dos 27 países-membros do bloco europeu e os ex-líderes soviético e polonês Mikhail Gorbachov e Lech Walesa, respectivamente.
Após o concerto, Walesa, representante do país no qual a Cortina de Ferro começou a cair, terá a honra de derrubar a primeira peça do dominó gigante montado ao longo de 1,5 quilômetros por Berlim para simbolizar a queda do muro.