Pete Best quase chegou lá: durante dois anos, o inglês teve o privilégio
de fazer parte de um dos capítulos mais significativos da história da
música e da cultura pop. De 1960 a 1962, ele foi “apenas” o baterista dos Beatles, participando das sessões de gravação das primeiras faixas da banda, processo que culminaria em um contrato com a gravadora EMI para o lançamento do primeiro álbum Please Please Me.

Chamado pelos fãs de rock de “o homem mais azarado do mundo”, Best teve sua trajetória com o Fab Four interrompida logo após a confirmação desse contrato, quando Brian Epstein, então empresário da banda, o chamou para uma conversa séria. Ele pensou que seria algo sobre negócios, mas o papo serviu para comunicar a sua expulsão da banda, decidida por Paul McCartney, John Lennon e George Harrison sob a alegação de que seu trabalho não estava à altura do som deles.

Quarenta anos depois do ocorrido, o baterista resolveu dar a volta por cima e deixar de pensar no passado. Sem ter qualquer contato com seus ex-colegas, Best deu início à sua carreira-solo: acompanhado por seu irmão Roag Best, Phil Melia, Paul Parry e Tony Flinn, lançou em 2008 o CD Haymans Green. E, no próximo domingo (15/11), toca em São Paulo com os argentinos do The Beats, considerada uma das melhores bandas cover dos Beatles do mundo (veja o serviço abaixo).

Respostas

Mas, se a intenção é deixar o passado para trás, por que excursionar pelo Brasil com uma banda que celebra a carreira do Fab Four? “A questão é simples: eu toco essas músicas porque as pessoas esperam isso de mim. A plateia pede e eu a atendo”, afirmou Pete Best, em entrevista exclusiva ao Virgula. “Mas quem sabe em 2010 eu venha com minha banda?”.

Na verdade, a aparição do baterista será quase relâmpago. “O esquema é o seguinte: vou conversar com a plateia por cerca de 10 minutos e, então, apresentar a banda e tocar duas músicas junto com eles. Serão My Bonnie, porque foi uma das primeiras faixas que gravei com os Beatles, e Rock and Roll Music, uma excelente canção de rock, que certamente os brasileiros irão amar”, explicou.

Mesmo afirmando que o repertório dos shows da Pete Best Band é
baseado em músicas inéditas, o inglês mostra como é impossível fugir da nostalgia que ronda suas performances – tudo, de uma maneira ou de outra, lembra os Beatles. Ele sabe bem disso, mas ressalta que as músicas do grupo que toca fazem parte de seu período no posto de baterista.

“Sempre toco as músicas compostas na época em que fazia parte da banda. Mas é óbvio que, de vez em quando, acabo tocando alguns clássicos, pois a platéia não vai parar de pedir”, comenta Best, que, longe de ser um homem amargo, mostra leveza ao falar sobre a influência do Fab Four em sua vida.

“Não me incomoda, de maneira alguma, ser conhecido como ex-baterista dos Beatles. Fiz parte de uma das maiores bandas do mundo e fui responsável, durante dois anos, por parte do processo musical que criou grandes composições. E é maravilhoso que tenho minha própria banda e também sou reconhecido apenas como Pete Best”, comenta.

Novo momento

Segundo o baterista, nenhum dos integrantes dos Beatles fazia ideia da bomba-relógio que estouraria logo após a assinatura do fatídico contrato com a EMI – o sucesso de Please Please Me, que levou o grupo para o topo das paradas e deu início à epopeia que os transformou nos artistas mais importantes da história da música pop.

“Ninguém em sã consciência conseguiria imaginar que nos tornaríamos os maiores ícones da indústria musical. É óbvio que sonhávamos com isso, mas não tínhamos a menor ideia”, afirma o baterista, que não guarda mágoas de ter sido expulso do grupo.

“Guardar mágoas para que? Meu CD-solo é exatamente o que eu queria fazer e, para mim, essas músicas soem tão lindas quanto as gravações com os Beatles. Estou muito feliz e animado”, garantiu, prometendo para os fãs brasileiros que, mesmo curta, sua apresentação no palco do HSBC Brasil na noite de domingo será um momento de celebração.

“Tocar com uma banda com a competência do The Beats, meus amigos queridos, é algo maravilhoso. Mal posso esperar pelo show”, completa o baterista, que em seguida retorna para a Europa para continuar sua turnê.

THE BEATS E PETE BEST EM SÃO PAULO

Quando: Domingo (15/11), às 20h
Onde: HSBC Brasil (Rua Bragança Paulista, 1281, Chácara Santo Antônio)
Quanto: R$ 80 a R$ 160
Informações: www.hsbcbrasil.com.br e www.ingressorapido.com.br


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Pete Best, ex-baterista dos Beatles, fala sobre carreira e show em São Paulo