Em quase duas horas de show, Neil Tennant e Chris Lowe, da dupla Pet Shop Boys, mostraram nesta terça (13) à noite no Credicard Hall por que continuam firmes depois de quase três décadas de carreira: assim como fazem com seus discos, conduziram seu show com bom gosto, bom humor e bom senso.

Como tias educadas, que sempre sabem a hora de terminar uma piada, Tennant e Lowe tiveram o público que lotou o Credicard nas mãos na maior parte do tempo – ainda que, comedida, a plateia não mostrasse tanta empolgação em boa parte do show, mas também não piscava os olhos, prestando atenção em cada detalhe do palco de visual simples, porém hipnotizante, em que mega blocos de luz emulavam grandes cubos mágicos.

Além da dupla, que no palco se divide entre vocal (Tennant) e bases (Lowe) em papéis muito bem definidos, dançarinos entravam no palco roubando a cena no melhor estilo jazz moderno.

O show da turnê Pandemonium já havia passado por Brasília e Belo Horizonte antes de chegar a São Paulo – hoje é a vez do Rio – e abriu, minutos pouco depois da hora marcada (21h30), com Heart, faixa de 1987, dando pistas de que o repertório mesclaria músicas do novo discos, Yes, e clássicos.

A primeira grande reação do público veio com o início do cover Go West, do Village People. Durante a música, dois dançarinos surgiram no palco, vestindo colants, um verde, outro amarelo, enquanto no telão, imagens dos próprios bailarinos evocavam a China.

Com visual futurista, o palco era inundado por projeções de imagens de alta definição, regadas de referências de megalópoles, grafismos, skylines e andróides, nesta primeira parte do show. No palco, Tennant e Lowe traziam referências do hip hop do início da década de 80 nas roupas.

Quando entra You’re Always On My Mind, o povo vem abaixo. No palco, dançarinos vestem cubos coloridos nas cabeças – que lembram o clipe de True Faith, do New Order. Na seqüência, New York City Boys e Left To My Own Devices já fazem valer o ingresso dos oitentistas mais saudosos.

Tennant volta da mudança de figurino bancando o crooner, de smoking, enquanto Lowe manteve seu look meio Elton John, de óculos e acessórios. O bloco mais chocho do show, com lentas como The Way It Used to Be e a linda Jealousy não chegou a empolgar, mas também não causou aquele efeito “vamos pro bar”. No final de Jealousy, momentinho cafona, com dois dançarinos fazendo uma coreografia à la casal em crise, digna do balé do Faustão.

Um rufar de bateria sambista anuncia a próxima música, com uma locução de fundo “Brasil”, que deixa a plateia pronta para o que vem: e tome hit, com Suburbia, outro sucesso dos anos 80, que abre um bloquinho feliz, com céu azul no fundo do telão. Em seguida vem All Over The World, do novo disco, lançado este ano. Ainda no mood tudo azul, Se A Vida É faz o povo erguer os braços pra cima e distribuir group hugs.

Domino Dancing fica só na citação, quando Tennant volta ao palco vestido de rei para arrasar – no bom sentido – seus súditos com uma versão bate-cabelo de It’s A Sin. Delírio total.

Outra clássica, Being Boring vem embalada por dançarinas trabalhadas no jazz moderno, muita luz strobo e uma chuva de papel picado que te transportam involuntariamente para os anos 80, quando se ouve um desesperador “Tchau, São Paulo, vocês são maravilhosos”. Como assim, fim de show?

Nada, só um intervalo para o grand finale, depois de o vocalista apresentar cada um dos dançarinos e começar a emocionante West End Girls. Agora, sim, São Paulo, é tchau. Para o público, ficou a sensação de um passeio por uma máquina do tempo que ainda funciona e muito bem ao vivo. A última chance de embarcar pela viagem dos Pet Shop Boys no Brasil é hoje às 21h30, quando a dupla se apresenta no Rio de Janeiro, no Citibank Hall (av. Ayrton Senna, 3000, conjunto 1005, tel. 0300-789-6846, ingressos de R$ R$ 140 a R$ 300).


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Pet Shop Boys encanta com maturidade e show de cubos mágicos

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