Um coquetel tóxico de partículas ultrafinas. É assim que uma equipe de cientistas da Universidade da Queensland, na Austrália, definiu a qualidade do ar dentro de túneis urbanos. E o alarme não para por aí. A concentração é tão alta que existe um risco em potencial para motoristas e passageiros que trafegam nos locais.
Os pesquisadores realizaram mais de 300 viagens por um túnel na cidade de Sydney em diferentes situações de tráfego. Concluíram que os resultados causados pela exposição às partículas podem variar de pequenos problemas respiratórios até ataque cardíaco em pessoas que já possuem complicações cardíacas.
Para os pesquisadores, todos os governos ao redor do mundo deveriam se preocupar seriamente com o problema, já que túneis se tornaram uma solução comum em qualquer cidade e uma ameaça para a saúde da população.
Professor do departamento de clínica médica da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina, Chin An Lin participou de um estudo envolvendo agentes de trânsito da capital paulista. Monitoramos os trabalhadores da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), os marronzinhos, e percebemos que, devido à exposição à poluição emitida pelos veículos, eles apresentaram variabilidade da freqüência cardíaca, o que significa um coração menos preparado para situações de estresse e que pode levar a complicações cardíacas, explicou o professor.
Professor Lin disse, ainda, desconhecer estudos brasileiros específicos sobre qualidade do ar em túneis, mas não se mostrou surpreso com o resultado dos australianos. Em túneis, caso não haja um bom sistema de exaustão, os poluentes não se dispersam e isso pode ser muito perigoso para a saúde da população, avaliou o professor.
A reportagem do Eu Quero Salvar o Planeta tentou entrar em contato com a prefeitura de São Paulo para saber como funcionam os túneis da cidade mas, mesmo após várias tentativas, não obteve resposta.
