Começo de 2010, outono no hemisfério sul e você se depara com notícias de que o Brasil vai receber grandes shows de bandas veteranas, o que sempre balança nossos corações, não é? Quem é que não fica com vontade de ver aquele velho ídolo ainda em ação?
De qualquer forma, algumas dessas promessas soam muito estranhas.
Você vê chamadas para shows da “Banda de Frank Zappa“, para a “Banda de Janis Joplin“, e até para programas de TV anunciando a presença do ABBA em seus estúdios. Só que essas bandas já se separaram há séculos! Como isso é possível?
Pra você que também fica se perguntando como é que essas bandas ressurgiram do nada, fizemos uma pequena lista das atrações que estão chegando ou que passaram por aqui recentemente, para você não achar que voltou no tempo para 1972 a cada ver que ler um anúncio desses.
ABBA: The Show – Este grupo se apresenta na Virada Cultural e vai dar uma passadinha no Programa do Ratinho antes. Acontece que ele vem sendo anunciado pela produção como se fosse o ABBA de verdade. Na verdade é uma banda cover, que conta com dois integrantes da banda de apoio do quarteto original: Agnetha, Benny, Björn e Anni-Frid. Então, veja bem, se não tiver esses quatro nomes no rótulo NÃO é o ABBA de verdade.
Grand Mothers Re:invented – Mais digna é a formação desta que está sendo vendida como a Mothers of Invention, grupo liderado pelo mestre Frank Zappa entre 64 e 75. Na banda que também toca na Virada 2010, estão Don Preston, Napoleon Murphy Brock, que tocaram com a banda durante muito tempo, e Roy Estrada, único membro da formação original.
Big Brother & The Holding Company – A banda que revelou Janes Joplin é mais uma atração da Virada Cultural de São Paulo. É também a mais próxima de uma formação original de toda a nossa lista. Exceto pela ausência do guitarrista James Gurley, morto em 2009, os três originais Peter Albin, Sam Andrew e David Getz ainda integram a velha banda.
Buena Vista Social Club – Não não. Nada de Buena Vista… Quem vem para o grande evento musical de São Paulo são Barbarito Torres, mestre cubano do alaúde, e seu compatriota e cantor Ignácio Mazacote. Ou seja, apeans dois integrantes da banda retratada no famoso documentário de 99 do alemão Wim Wenders.
The Mamas & The Papas – Essa foi embaraçosa… No ano passado, quatro cantores que fizeram carreira como backing vocals se apresentaram em Guarulhos cantando clássicos da banda americana, sob o comando do maestro Lekey Hardatt, que só entrou na formação em 2000! Cascata da grossa pra cima dos fãs da banda, não?
Village People – Aos trancos e barrancos, Felipe Rose, Alex Briley e David “Scar” Hodo (o Índio, o Soldado e o Pedreiro, respectivamente) chegaram ao Brasil em 2008 com uma formação meio capenga do fenômeno pop dos anos 70. Deu pra ver que os “Macho Man” devem andar precisando de muito Viagra para conseguir passar verdade nesse hit.
Queen – Em 2009, Brian May trouxe o Queen de volta à vida, mais uma vez, com Paul Rodgers nos vocais. Não que Rodgers não seja um excelente vocalista, mas vender como Queen uma formação sem Freddie Mercury, que foi frontman da banda por duas décadas, é quase um crime.
The Australian Pink Floyd – Formada em 88, a banda cover oficial do Pink Floyd (com a aprovação de David Gilmour, sem a aprovação de Roger Waters) fez shows no Brasil em 2007 quando arrancou muitos elogios da crítica. Mas cobrar preço de banda de verdade no ingresso foi um insulto pra qualquer fã do Floyd.
Richie Ramone – Richie tocou nos Ramones por cinco anos. Neste tempo, lançou com a banda os discos Too Tough to Die, Animal Boy e Halfway To Sanity e escreveu o clássico Somebody Put Something on My Drink. De um tempo pra cá, o baterista resolveu voltar a ativa com uma banda de tributo aos velhos punks de Nova York. Meio furado, pra dizer o mínimo.
Creedence Clearwater Revisited – O baixista Stu Cook e o baterista Doug “Cosmo” Clifford, ambos da formação original do Creedence Clearwater Revival (não confunda!) tornaram-se covers de si mesmos em 1995, 23 anos após os irmãos Fogerty terminarem com a banda original. Eles voltam ao Brasil em novembro, com os ingressos mais baratos custando R$ 200. Vai encarar?
Roger Hodgson – O cara é um talento do rock progressivo e isso ninguém discute. Mas se você é fã do Supertramp, não vá achando que vai escutar todas as suas favoritas ou vai dar com os burros na água com o show de Hodgson. A carreira solo do compositor é bem irregular e chega a ponto de soar pop nostálgico de FM demais pra qualquer fã de rock do universo.