O hábito da leitura vai se tornando, a cada ano, mais presente entre a população infanto-juvenil brasileira. A avaliação é da secretária-geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), Elizabeth Serra. Para ela, em comparação a outros anos, pode-se observar no país a existência de um contingente maior de crianças, jovens e professores preocupados em promover a leitura.
Mas, do ponto de vista de um resultado, a gente ainda tem muito para fazer, observou a secretária. Na sua opinião, a ampliação do número de leitores na faixa infanto-juvenil requer bibliotecas que tenham livros atualizados todos os anos.
A gente não tem um sistema de bibliotecas que funcione, apesar do esforço que vem ocorrendo no sentido de ampliar o número de unidades. Mas, isso implica a formação de bibliotecários, compra de acervos, formação de pessoal capacitado. Implica que as escolas tenham bibliotecas para poder ensinar a essas crianças que quando elas cumprem o período escolar, podem dar continuidade à sua habilidade leitora em uma biblioteca pública. Essa tradição a gente ainda não tem.
Uma coisa é formar leitores e outra é manter, lembrou Elizabeth Serra. No nosso trabalho de 40 anos, a gente acredita firmemente que é a literatura, é o livro de qualidade que vai poder, mediado por um adulto, criar as condições de desenvolver esse leitor. O trabalho é enorme e longo, vem obtendo conquistas, mas ainda é preciso fazer muito.
Ela afirmou que eventos como o Salão do Livro Infantil e Juvenil, promovido pela fundação, bem como as bienais e feiras do livro, contribuem para fazer germinar na criança e no jovem o gosto pela literatura. É um momento do encontro com o objeto livro, com os autores. E isso é uma cultura que vai se constituindo. A gente considera da maior importância esse tipo de atividade. Quanto mais tiver, melhor.
A Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil é a única instituição no Brasil que realiza um salão com foco exclusivo no livro de literatura e no informativo, e não em livros didáticos. Nas atividades de leitura organizadas pela FNLIJ, o livro é o principal personagem.
A gente não usa nenhum tipo de artifício cenográfico ou de dramatização, exatamente para procurar valorizar o texto, a ação de leitura que é, no fundo, a ação que transforma. A gente tem que acreditar que o texto, por si só, tem força. O texto, quando bom, provoca a curiosidade. É ele que levanta perguntas, que nos faz pensar. É acreditar na força do texto ficcional e no de informação que têm qualidade, seja no texto, seja na ilustração, afirmou Elizabeth Serra.
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