Os países menos avançados do mundo (PAM) requerem uma forte intervenção estatal para gerar excedentes agrícolas e neutralizar o círculo vicioso no qual se encontra esse setor, devido a seus baixos níveis de produtividade, investimentos em retrocesso, e escassez de terras e água.

Assim afirma o relatório anual sobre esse grupo de países da Conferência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), que adverte que o desenvolvimento da agricultura será um assunto praticamente de sobrevivência para essas nações. Isso porque é provável que essas nações sejam as mais atingidas pela mudança climática e que continuem sofrendo em extremo o problema de insegurança alimentar.

Segundo os dados mais recentes, dos 31 países que atualmente enfrentam crises alimentícias, 21 estão na categoria de PMA, que adicionalmente dependem muito da agricultura para seu crescimento econômico, da criação de emprego e da receita de exportações.

“Dois terços de sua força de trabalho trabalham com a agricultura, que também geram 28% do Produto Interno Bruto (PIB)”, disse um dos responsáveis do relatório, Charles Gore.

Entre as medidas concretas que a Unctad recomenda aos países analisados estão aumentar o rendimento agrícola, prestar mais apoio local aos agricultores (particularmente as mulheres), garantir a posse da terra aos agricultores e estabelecer melhores vínculos regionais para fomentar os mercados.

A lista dos PMA foi revisada este ano pela ONU e compreende 49 países, que devem reunir três critérios: receita até US$ 905 por habitante, índices baixos de acesso à saúde e educação, e uma “vulnerabilidade econômica” em situações como desastres naturais e crise comerciais.

Apenas dois países foram excluídos da lista desde que esta existe: Botswana e Cabo Verde, e espera-se que o mesmo ocorra com Samoa, no final de 2010, e Maldivas, no ano seguinte.

Como elemento de comparação, os PMA gastam apenas US$ 150 por ano e por habitante na formação, em investimentos públicos e no funcionamento dos serviços públicos, frente a US$ 1.165 nos países de renda média-baixa, US$ 2.736 nos de renda média-alta, e US$ 14.008 nos países ricos.

Entre 2002 e 2008, os PMA tiveram um elevado crescimento econômico, mas isso foi devido aos altos preços das matérias-primas nesse período, aos fortes investimentos privados e ao aumento da ajuda oficial ao desenvolvimento.

Apesar desse bom momento, a estrutura de exportações continuou concentrada nos produtos básicos, na indústria com mão-de-obra pouco qualificada e no turismo. Em consequência, a crise econômica mundial os afetou mais fortemente em relação ao resto do mundo. Neste sentido, a Unctad pede aos países ricos que mantenham sua ajuda a esses países.


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ONU defende forte intervenção estatal em países menos desenvolvidos

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