A ONG Survival Internacional denunciou, nesta quinta-feira, a expulsão de uma comunidade de 130 guaranis-kaiowá de seu povoado de Laranjeira Ñanderu, em Mato Grosso do Sul, que ainda foi queimado e totalmente destruído.

Em comunicado, a Survival afirmou que os 130 indígenas – entre eles 60 crianças – foram transferidos para um acampamento, sem acesso a água potável e nem terras cultiváveis, junto a uma estrada movimentada.

“Após serem expulsos, um grupo não identificado queimou o povoado, destruindo as casas dos indígenas e outras propriedades, matando aos animais”, divulgou a ONG. A Survival lembrou que esta comunidade já havia sido expulsa de suas terras nos anos 60 por criadores de gado.

De acordo com a Anistia Internacional (AI), a extensão reivindicada pelos guaranis está em processo oficial de identificação, primeiro passo para o reconhecimento legal de seus direitos sobre a posse. O processo de identificação deveria ter sido concluído em 2008, mas os diversos recursos feitos pelos fazendeiros nos tribunais acabaram por atrasar.

Segundo a AI, com a mudança os índios viverão em uma faixa de terra de cinco metros de largura, espremida entre fazendas com segurança armada e uma estrada movimentada, a BR-163, por onde passam veículos pesados.

O chefe da comunidade, Farid Mariano, disse aos fiscais federais em dezembro de 2008: “se nos tirarem daqui, não temos para onde ir. Mas não nos coloquem na beira da estrada. Se isso ocorrer haverá atropelamentos, suicídios e doenças infantis”.

Survival lembrou ainda que mais de 500 guaranis cometeram suicídio nas últimas duas décadas (incluído uma criança de 9 anos) por causa das duras condições em que vivem – violência, álcool e desnutrição – e diante das poucas expectativas de futuro.


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Ong denuncia a destruição de povoado guarani-kaiowá no Brasil