A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, negou que a reação da agência tenha sido excessiva frente à gripe suína, como alguns dizem, e adverte que pode haver uma segunda onda de contágios.
Em declarações ao Financial Times desta segunda-feira (04/05), Chan assinala que o final da temporada própria da gripe no hemisfério norte explica o caráter relativamente benigno do surto inicial, mas avisa que pode haver uma segunda onda ainda mais letal.
Embora os últimos dados procedentes do México e outros países indicarem uma queda do índice de mortalidade, isso não quer dizer, segundo Chan, que a pandemia tenha terminado.
“Esperemos que o vírus vá perdendo força porque, se não for assim, enfrentaremos um grande surto”, disse.
“Não prevejo que vá acontecer uma explosão pandêmica, mas se não levo em conta essa possibilidade e não nos preparamos para ela, irei fracassar”, explicou Chan.
“Prefiro pecar por excesso que por defeito de preparação”, acrescentou a diretora geral da OMS.
Segundo Chan, a eventual elevação do alerta da OMS ao nível seis, que significa que explodiu uma pandemia, não significa necessariamente que vá afetar todos os países e todos os indivíduos, com muitas mais mortes.
“É mais um sinal que se envia às autoridades do setor da saúde pública para que tomem as medidas apropriadas”, supervisionando, por exemplo, sua propagação.
Chan explica que as autoridades mexicanas se mostraram muito cooperadoras nesse tema, embora tenham ficado assoberbadas pela tripla tarefa de estender o tratamento às pessoas afetadas, limitar a propagação do vírus e analisar os casos registrados.
A diretora-geral da OMS assinala, por outro lado, que as restrições de viagem são contraproducentes “tendo em vista as provas disponíveis e de nossos conhecimentos científicos”.
Embora os países tenham direito a tomar diferentes medidas para enfrentar a epidemia, precisam justificá-las publicamente.
Chan defende, no entanto, as recentes decisões de Hong Kong e Nova Zelândia de colocar em quarentena os viajantes dos quais se suspeita que estão infectados.
Por outro lado, enquanto elogia as companhias farmacêuticas pelos esforços realizados, pede a elas que aumentem suas contribuições e forneçam maiores volumes de remédios e vacinas a preços mais acessíveis para poder tratar e proteger os mais desfavorecidos.