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obesidade infantil aumentou entre as crianças atendidas pelo
programa Bolsa-Família. De dezembro de 2006 para o mesmo mês de
2008, o risco de sobrepeso das crianças de 0 a 9 anos atendidas pelo
programa nas regiões Sul e Sudeste aumentou de 10,4% para 11,3%. Por
outro lado, a desnutrição caiu de 11% para 10,2%.
Em números absolutos,
quase 300 mil crianças do programa estão acima do peso. O avanço
do fenômeno, chamado de transição nutricional, é preocupante,
pois o Brasil tem de lidar com as duas situações: obesidade e
desnutrição.
“É um desafio ter que conviver com o pior
dos dois mundos”, disse Leonor Maria Pacheco Santos, secretária
de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ao jornal O Estado de S.
Paulo.
De um lado, crianças
sofrem de desnutrição, diarreia, retardo de crescimento. Do outro,
elas apresentam hipertensão, diabete, lesões de pele, colesterol
elevado. E os dois problemas podem se somar: depois da desnutrição
na infância, o excesso de peso na vida adulta. Segundo
especialistas, as crianças pobres podem ser as mais afetadas. “A
população que tem mais obesidade é a de baixa renda. Os ricos têm
a chance de ir a um spa ou consultar uma nutricionista”, explica
Leonor.
Em M’Boi Mirim, periferia de São Paulo, a dona de
casa Maria Francisca de Souza, beneficiária do programa, precisa
lidar com o problema da obesidade dos filhos. Há três meses, uma
médica viu Adriana, a filha de Maria Francisca, e determinou: a
menina, de 7 anos, não podia passar dos 35 quilos. De lá para cá,
a mãe resolveu o problema fugindo da balança.
“O que
vou fazer? Só se costurar a boca da Adriana”, diz Maria
Francisca. Adriana faz três refeições em casa, se os vizinhos
oferecerem comida ela aceita e na escola acrescenta um lanche e um
“jantar”. Quando o pai, ajudante de pedreiro, recebe um
dinheiro, a despensa ganha iogurtes, bolachas e muitos pães. Aí é
a vez de Adriano, o outro filho, atacar. Ele tem 9 anos e pesa 47
quilos.
