O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou nesta terça-feira um apaixonado pedido à comunidade internacional para que chegue a um acordo contra a mudança climática para evitar, assim, uma “catástrofe irreversível”.
Embora as posições se encontrem ainda distantes e “o mais difícil ainda esteja por vir” na busca por um acordo na reunião de Copenhague de dezembro que substitua o Protocolo de Kioto, “a dificuldade não é desculpa para a complacência”, disse Obama na cúpula sobre mudança climática realizada na ONU.
Líderes de todo o mundo se encontraram nesta terça-feira (22) na sede das Nações Unidas em Nova York para participar deste fórum, convocado pelo secretário-geral Ban Ki-moon com o objetivo de diminuir as diferenças sobre um corte das emissões de gases poluentes.
Em um discurso, que foi aplaudido sem muito entusiasmo pelos líderes presentes, Obama ressaltou a mudança de posição de seu país desde que chegou à Casa Branca, mas, sabendo que tem as mãos atadas pelo Congresso neste assunto, quase não ofereceu propostas concretas.
O governante americano, que tentou impulsionar a luta contra o aquecimento global desde que assumiu o poder, reconheceu que no passado os EUA foram lentos no momento de reagir, mas afirmou que “chegou uma nova era”, e Washington “está decidido a agir”.
“Os Estados Unidos fizeram mais para promover uma energia limpa nos últimos oito meses que em qualquer outro momento de nossa história”, disse.
Além disso, anunciou que defenderá o fim das subvenções aos combustíveis fósseis na cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes), na quinta-feira e sexta-feira, em Pittsburgh, outra reunião na qual a mudança climática ocupará um lugar de destaque.
Dificuldades
Obama reconheceu que conseguir um acordo “não será fácil”, pois este é um momento em que o mundo vive uma recessão global e a principal prioridade é a recuperação econômica.
Até o momento, a possibilidade de um acordo se viu complicada pela resistência dos países em vias de desenvolvimento, especialmente de Índia e China – dois dos maiores produtores de gases poluentes -, a adotar metas para o corte de emissões.
Estas nações alegam que os Estados Unidos, responsável por 25% das emissões mundiais, devem adotar medidas mais drásticas.
A adoção de metas de redução de emissões depende nos EUA da aprovação no Congresso da legislação que prevê a redução para 2020 de emissões aos níveis de 1990, mas o Capitólio, centrado agora na reforma do sistema de saúde, já indicou que não adotará medidas até o próximo ano.
Obama reiterou que os países desenvolvidos liderarão este desafio mediante o investimento em energias renováveis, a promoção de uma maior eficiência em seu consumo e uma redução de emissões no médio prazo em 2020 e longo prazo para 2050.
O governante americano disse ainda que os países em desenvolvimento que produzem “praticamente todo o crescimento das emissões de carbono também devem cumprir com sua parte” no combate à mudança climática.
“Não conseguiremos resolver este desafio sem que os principais emissores de gases estufa atuem em uníssono. Não há outro modo”, assegurou.
Crescimento sustentável
Ao mesmo tempo, comentou, é necessário redobrar os esforços para que outros países em desenvolvimento entrem no caminho de um crescimento sustentável, e proporcionar-lhes assistência para que se adaptem ao impacto da mudança climática e empreguem tecnologias limpas.
Para Obama, um dos objetivos de um acordo seria pôr fim ao desflorestamento e à queima de carvão nessas nações.
“Esses países não têm os mesmos recursos para combater a mudança climática que países como EUA ou China, mas são os que mais necessitam de uma solução imediata. São países que já sofrem com os efeitos de um planeta que se aquece”, explicou.
“O que se procura não é simplesmente um acordo para limitar as emissões de gases estufa. Queremos um acordo que permita que todos os países cresçam e melhorem suas condições de vida sem pôr em risco o planeta”, concluiu.