O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira (17) sua decisão de eliminar o plano de construção de um escudo antimísseis na Europa.
Obama fez este anúncio em um breve comparecimento na Casa Branca, após ter falado na quarta-feira (16) com o primeiro-ministro da República Tcheca, Jan Fischer, que antecipou à imprensa os planos americanos.
Em declaração à imprensa, Obama afirmou que “a melhor maneira de melhorar a segurança é posicionar um sistema que combata as preocupações, seja efetivo, conte com tecnologias provadas e de custo sensato”.
“Nossa nova arquitetura de defesa antimísseis na Europa oferecerá defesas mais fortes, mais inteligentes e mais rápidas às forças americanas e seus aliados” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), afirmou.
Assim, Obama anunciou um novo plano para combater as possíveis ameaças de mísseis balísticos, que terá interceptores em terra e mar “com tecnologias de efetividade provada e que poderá estar em andamento antes que o projeto anterior”.
O presidente americano disse que buscará a cooperação da Rússia no posicionamento do novo sistema.
Irã
Em entrevista coletiva no Pentágono, depois do anúncio de Obama, o secretário da Defesa americano, Robert Gates, disse que a decisão do Governo de abandonar o projeto do escudo antimísseis foi devido a uma mudança na percepção da ameaça representada pelo Irã.
Gates disse que os serviços de inteligência consideram que os mísseis de curto e médio alcance do Irã representam uma ameaça maior do que seus mísseis intercontinentais.
Os primeiros “estão se desenvolvendo mais rapidamente do que se tinha previsto a princípio”, segundo os serviços de inteligência, disse Gates.
Por outro lado, os mísseis de longo alcance “não representam a ameaça que se tinha imaginado inicialmente”, acrescentou.
Em lugar do sistema previsto até agora, que contemplava o posicionamento de um sistema de radares na República Tcheca e cerca de dez interceptores de mísseis de longo alcance na Polônia, Gates disse que “teremos a oportunidade de colocar novos sensores no norte e no leste da Europa”.
Futuro
Precisamente, disse, os Estados Unidos preveem agora posicionar até 2015 na Polônia e na República Tcheca interceptores SM-3, concebidos para destruir mísseis de curto e médio alcance.
O escudo antimísseis na Europa tinha sido concebido pela Administração do ex-presidente George W. Bush para fazer frente a possíveis ataques iranianos, mas tinha recebido enérgicos protestos da Rússia, que o considerava uma ameaça a seu território.
A existência deste projeto tinha esfriado as relações entre Washington e Moscou, um mal-estar que ameaçava se estender à cooperação contra o programa nuclear iraniano, entre outros assuntos.
Desde a chegada de Obama ao poder, a nova Administração democrata tinha deixado clara uma atitude mais cética sobre a eficácia do projeto.