Harvey Keitel, ator forjado em meio a então novatos no mundo do cinema como Martin Scorsese, Robert de Niro e Ridley Scott, completa hoje 70 anos de uma vida de interpretação na qual prosperou como coadjuvante e na qual as glórias de Hollywood sempre parecem ter lhe escapado.

Indicado para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Bugsy (1991) – a única que recebeu até hoje -, Keitel consagrou seu nome internacionalmente na década de 90 graças a sua parceria com Quentin Tarantino, então um desconhecido cineasta.

Seu Mr. White em Cães de Guarda (1992) e o posterior The Wolf em Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994) se transformaram em símbolos de sua carreira, repleta de papéis díspares que foram desde o Satã da comédia Little Nicky, Um Diabo Diferente (2000) a um particular Elvis Presley em Um Estranho Chamado Elvis (1998).

TAXI DRIVER

Nova-iorquino do Brooklyn, filho de pai polonês e mãe romena, os caprichos de Hollywood levaram Keitel a encarnar em mais de uma ocasião um descendente de imigrantes italianos, destino que compartilhou com seu amigo Robert De Niro em Taxi Driver (1976).

A dupla Keitel/De Niro se repetiria em outras quatro ocasiões, apesar de o futuro ter reservado muito mais reconhecimento ao segundo do que ao primeiro.

A estreia de Harvey Keitel na telona ocorreu pelas mãos de um diretor novato nos anos 70, Martin Scorsese, com quem trabalhou em Who’s That Knocking at My Door (1967), Caminhos Perigosos (1973), junto com De Niro, Alice Não Mora Mais Aqui (1974) e Taxi Driver.

Uma relação cinematográfica que se esfriaria posteriormente na medida em que o vínculo entre De Niro e Scorsese se reforçava nos anos 80, época de sucesso para estes e que seria prolífica em filmes para Keitel, embora sem a glória de seus colegas.

JUDAS E JESUS

Em 1988, Keitel retomou sua parceria com Scorsese para ser seu Judas em A Última Tentação de Cristo (1988), filme que valeu ao diretor uma indicação ao Oscar.

Até então, o já veterano ator tinha feito uma boa amizade com outro aspirante a diretor em Hollywood, Ridley Scott, ainda antes dos sucessos Alien – O Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner, O Caçador de Andróides (1982).

Keitel protagonizou o primeiro longa-metragem de Scott, Os Duelistas (1977), e voltou a se encontrar com ele em 1991 em Thelma e Louise.

A história cinematográfica de Keitel parece contar com certo grau de azar já que, apesar de trabalhar com diretores importantes, não esteve presente nos grandes projetos destes, mesmo quando seu estilo de interpretar parecia adequado para o filme.

É notório o fato de que certas diferenças com Francis Ford Coppola o afastaram do papel do capitão Benjamin Willard no mítico Apocalypse Now (1979), para o qual tinha sido previamente escolhido e que foi encarnado por Martin Sheen.

TARANTINO

Após praticamente uma década em produções de pouco destaque, Keitel ressurgiu nos anos 90 como um grande coadjuvante em Thelma e Louise e em Bugsy, mas foi ressuscitado definitivamente por Tarantino.

Não só Keitel esteve em dois dos melhores filmes do diretor – Cães de Aluguel e Pulp Fiction -, como atuou em Um Drink No Inferno (1996), dirigido por Robert Rodríguez com roteiro de Tarantino.

Em 1993, protagonizou O Piano, filme vencedor de três Oscar, e participou do drama Cop Land (1997), com Sylvester Stallone, Robert De Niro e Ray Liotta.

Foi nessa época em que Keitel passou a fazer parte das listas de melhores atores de cinema de Hollywood das revistas Empire e Entertainment Weekly.

Após a virada do século, o ator participou de produções como A Ponte de San Luis Rey (2004), esta última ambientada no Peru e na qual se reencontraria com De Niro.

Dragão Vermelho (2002), A Lenda do Tesouro Perdido (2004) e A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos (2007), os dois últimos com Nicolas Cage, foram alguns dos últimos trabalhos de Keitel, nos quais começou a mostrar mais interesse por projetos voltados para as bilheterias do que havia feito até então.


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O coadjuvante de luxo, Harvey Keitel, faz 70 anos