A notícia da queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2009 apenas confirma todas as projeções de analistas, sejam eles atuantes no mercado ou do próprio governo. Com a retração de 0,8% no período, ante aos três últimos meses do ano passado, o Brasil entrou oficialmente em recessão.
Por definição, a recessão é quando acontecem dois trimestres consecutivos de crescimento negativo da atividade econômica. Apesar de ser a mais utilizada, essa fórmula não é unânime entre os economistas, que não consideram essa a melhor forma de definir um período de retração da economia.
Apesar da notícia ser negativa, o resultado divulgado nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou acima do que era esperado pelo mercado. Pesquisas apontavam que a expectativa para o PIB era de queda entre 1,2% e 3,8%, sendo o crescimento negativo de 2,6% a média das projeções.
No último trimestre de 2008, a atividade econômica brasileira havia recuado 3,6%. Agora, somados com os números do início deste ano, está confirmada a pior recessão desde o início dos anos 90, quando o governo do presidente Fernando Collor anunciou o confisco dos recursos da poupança.
Apesar dos dados serem piores do que em 2001, quando a crise da Argentina, o racionamento de energia e a comoção mundial pós-11 de Setembro levaram o PIB brasileiro a cair três trimestres consecutivos, o sentimento na população é outro. Na época, o presidente Fernando Henrique Cardoso era considerado ótimo ou bom por 24% dos entrevistados pelo Datafolha. Atualmente, Luiz Inácio Lula da Silva tem aprovação de 69% da população.
Uma das explicações dos analistas para a diferença dessa recessão para as anteriores é de que a atual afetou o mercado interno com menos intensidade e alguns setores praticamente não sentiram a crise. As empresas mais afetadas foram aquelas que dependem de crédito e das exportações, como é o caso das montadoras de automóveis, da Vale e da Embraer, fabricante brasileira de aviões.